Desporto

Pai e filho partilham a paixão pelo hóquei e juntos defendem os Leões da Embra

8 abr 2023 15:00

Em comum têm a paixão pelo hóquei e pelo SC Marinhense, emblema que representam. O pai enquanto treinador e o filho como atleta. Apesar dos laços familiares, garantem que “não há distinções”

pai-e-filho-partilham-a-paixao-pelo-hoquei-e-juntos-defendem-os-leoes-da-embra
Nuno e Gonçalo ambicionam voltar a levar o SCM à primeira divisão
Ricardo Graça

Há muito que a modalidade de hóquei em patins está enraizada na família Domingues. Mais do que um desporto, é uma paixão que não tencionam deixar de lado e que partilham, não só em casa, como nos Leões da Embra. O pai, Nuno Domingues, como treinador, e o filho, Gonçalo, como jogador e capitão.

Mas para percebermos a paixão da família pelo hóquei, e pelo Sporting Clube Marinhense (SCM), é ‘obrigatório’ falar de Idalino Domingues, uma figura incontornável na história do clube, que não só representou o emblema como jogador, mas também enquanto presidente e dirigente da modalidade. E foi precisamente nos tempos em que era jogador que despoletou também a paixão no filho Nuno.

“Morávamos muito perto do Pavilhão da Embra e tenho uma vaga ideia de acompanhar o meu pai”, recorda Nuno Domingues, de 50 anos.

Começou a patinar com quatro anos e, ainda novo, enveredou pelo hóquei em patins no SCM. “É um desporto diferente e muito desafiante. O estarmos de patins, com um stick na mão a tentar dominar a bola, e haver algum contacto físico com os adversários, torna esta modalidade muito fascinante”, refere.

Jogou na posição de avançado e, além do clube da Embra, passou por Turquel, Ourém e Tomar, onde terminou a carreira aos 42 anos. “Felizmente, nunca tive uma lesão grave, o que me permitiu jogar até essa idade, a um nível que considero muito bom.”

Na última época e meia como jogador do SC Tomar, assumiu também o comando técnico da equipa. “Já tinha tido essa experiência em Ourém, mas não é fácil conjugar, sobretudo quando o nível é elevado”, revela Nuno Domingues, que de forma gradual foi deixando os patins e o stick, até assumir em exclusivo a função de treinador principal no SC Tomar.

Em Janeiro de 2019 surgiu o convite para regressar ao clube do coração e assumir a missão de tirar o SCM do último lugar da primeira divisão e lutar pela manutenção. Apesar de o objectivo não ter sido alcançado, manteve-se no SCM, que colocou novamente na primeira divisão em 2021/2022. A equipa acabou por não ser feliz e voltou a descer, estando esta época na segunda divisão, em 8.º lugar.

“Não conseguimos o nosso objectivo da manutenção na época passada, que nos fugiu por um ponto, e esta época também não está a ser como tínhamos idealizado. Vamos procurar ganhar os jogos que faltam, mas não conseguiremos subir mais que dois ou três lugares.”

Um ‘bichinho’ que vai na terceira geração

Quem conhece a família Domingues diria que era inevitável Gonçalo, de 25 anos, ter seguido também esta modalidade. Afinal, o talento está-lhe nos genes.

“Quando era pequeno ia ver os jogos do meu pai e cheguei a acompanhá-lo aos treinos. Depois comecei a ter amigos que praticavam hóquei, que foram também uma influência para ter preferido a modalidade”, recorda.

Para o jovem avançado, o hóquei distingue-se por ser “uma modalidade em constante movimento” e “muito emotiva”. “O campo é mais pequeno e o jogo mais rápido. Exige muitos picos de transição e temos de estar sempre activos.”

À semelhança do pai, iniciou o percurso no SCM, e passou também pelo Tomar e Turquel, até chegar ao Benfica, quando frequentava o 12.º ano. Vestiu depois as cores do Oeiras, até representar o Sporting Clube de Portugal, do qual é adepto.

“É sempre mais difícil representar o clube do coração. Sentimos a camisola de maneira diferente. Mas quando procuramos profissionalizar as coisas ao máximo, não olhamos ao clube, mas sim ao trabalho que temos de fazer”, refere.

“No pavilhão somos apenas treinador e atleta”

O regresso de Gonçalo Domingues à Embra aconteceu na época 2018/2019, quando o clube regressou à primeira divisão. Foi também nessa época que, após Nuno Domingues ter aceite o convite para orientar a equipa sénior, se deu o encontro entre pai e filho nos balneários.

“É algo natural. Não lhe faço qualquer favor por ser meu filho. Joga porque tem valor, mas quando não está tão bem, também sai”, refere Nuno Domingues, acrescentando: “É o nosso melhor marcador. Por onde passa é sempre um dos melhores marcadores. É uma das suas grandes virtudes.”

Gonçalo conta ainda que os papéis de jogador e treinador são “facilmente colocados de lado” quando chegam a casa. “Fora do pavilhão não falamos sobre os treinos e jogos. Se houver problemas na equipa, são resolvidos no local certo. Em casa falamos de hóquei, mas no geral, até porque é uma paixão que temos em comum”, conclui.