Viver

Palavra de Honra | A vida é demasiado curta para nutrir um sentimento tão pesado como o ódio

29 dez 2024 11:00

Inês carvalho Pinto, médica

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- Já não há paciência ... Para a falta de empatia e egoísmo. Vivemos tempos tão difíceis há 4 anos, com o início da pandemia e parecia haver uma crescente preocupação com o Outro, mas passados 4 anos a sociedade voltou a olhar apenas para o próprio umbigo.

- Detesto... detestar coisas. Não tenho paciência! A vida é demasiado curta para nutrir um sentimento tão pesado como o ódio. Quando aparece, há que perceber de onde vem e processar, restando apenas a indiferença.

A ideia... do tamanho do universo é avassaladora. Sempre gostei de olhar para as estrelas e constelações, mas quando faço o exercício de tentar imaginar tudo o que existe no espaço fico assoberbada.

- Questiono-me se...existe vida para além da morte? Como é morrer? Sentimos/sabemos que morremos? Desde pequena que este tema me intriga, mas ao mesmo tempo me angustia.. Como médica tenho uma perspectiva, mas como fui educada católica há sempre a tentação de acreditar em algo para além da morte.

- Adoro...o riso das minhas filhas, estar dentro de água, sentir o calor do sol na pele, ouvir música, viajar, dar abraços, sentir que alguém saiu melhor da minha consulta do que entrou. 

- Lembro-me tantas vezes... da diferença que um sorriso faz, a gentileza, a educação e a bondade que transmite pode ser transformadora para alguém.

- Desejo secretamente... Dominar o Tempo. Conseguir ter tempo para ler e reler todos os livros que me apetece, ouvir música, estar com a família, estar com os amigos, ir-me mantendo cientificamente atualizada, fazer exercício físico, passear o meu cão e ainda ter tempo de ócio.

- Tenho saudades...dos tempos da faculdade em Coimbra! Formar-me enquanto pessoa, profissional, acompanhada dos melhores amigos, dançar até doerem as pernas, ver o sol a nascer, ouvir concertos, ir ao teatro, conhecer pessoas novas.

- O medo que tive.. no início da pandemia, de ser eu a trazer o vírus para a minha família. O primeiro confinamento foi passado a trabalhar e longe das minhas filhas, por medo de contaminá-las. Foi muito duro psicologicamente.

- Sinto vergonha alheia... de quem sente que tem de caber num estereótipo e por isso não é livre. 

- O futuro... é um tempo verbal. O outro é um conceito abstrato, em mutação constante, logo não deve preocupar muito.

- Se eu encontrar... o equilíbrio entre todas as facetas de ser Mulher, partilho com todas! Sororidade acima de tudo.

- Prometo... descansar mais, cuidar de mim para conseguir continuar a cuidar dos outros.

- Tenho orgulho... nos que são meus. Na força das decisões que tomam, nas lutas que travam, nas escolhas que fazem ou fizeram.