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Palavra de Honra | É tempo de encorajar a diferença positiva

19 ago 2021 09:46

André Coelho, designer

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- Já não há paciência ... para tanta dissertação sobre: vacinas sim ou não, chip 5G, teorias da conspiração, negação da Ciência. Certezas que de nada servem senão desfocar-nos do que realmente importa.  Parece que procuramos todos um lugar comum e paira no ar uma necessidade imensa em pertencermos a um grupo,  porque não vivermos como realmente queremos e somos. 

- Detesto...  racismo. Fomos educados de que “somos todos iguais”. Não. Na verdade somos todos diferentes: Vermelhos, Brancos, Negros, Amarelos e é dessa forma que deveremos começar a pensar o mundo. É tempo de encorajar a diferença positiva, sermos felizes pelo que nos diferencia – só isso nos aproxima – e não por aquilo que nos iguala. Bem sei que a ressaca de uma pandemia não ajuda. Afinal, escondidos por detrás de um teclado – cuspidos de raiva – escudados pela distância de valores, ideias e propósitos, somos muitas vezes iguais a tantos outros. Vamos ser diferentes.

- A ideia... investir mais energias no método de aprendizagem e menos energias no método de ensino. Experimentar, testar, criar (no verdadeiro sentido do verbo CRIAR) e deixar um pouco de lado as filosofias e teorias sobre como se ensina, como se faz ou deve fazer… deixar viver. 

- Questiono-me se... se tudo o que pode ser automatizado será automatizado? Se quem conseguir controlar os dados (big data) conseguirá controlar o mundo? E o que não puder ser automatizado como a empatia, criatividade. Irá explodir o seu valor? Qual é o seu real valor?

- Adoro... A Praia do Pedrógão. Sei que é difícil explicar mas muitos sentirão…Como é que uma praia onde em pelo menos 300 dias do ano há nevoeiro; a 15 de agosto chove; das 3 bandeiras, uma nunca foi usada,   mesmo assim, consegue ser a melhor praia do MUNDO?! Vejamos: não é preciso protetor solar – o iodo chega; não é preciso chapéu de praia, o para- vento resolve; não é preciso chegar a casa e tomar duche “para tirar o sal” – a água é tão gelada que ninguém se atreve; não é preciso dar 10 voltas para estacionar, pois conseguimos fazê-lo à primeira e a 2 metros da areia; não é preciso estar na fila para comprar um gelado; nem é preciso “levar com a conversa do lado” porque a distância mínima de segurança na praia do Pedrogão são 150m –há espaço para todos. De que precisamos mais?
 
- Lembro-me tantas vezes… da praia do Pedrógão. Já hoje me lembrei.
 
- Tenho saudades...  Do meu pai. E muitas vezes dos meus filhos. Do meu pai, porque já morreu, resta-me lembrar-me dele, chorar, rir… Dos meus filhos quando durante dias, noites, semanas inteiras não lhes consigo tocar. Não, não sou divorciado. Sim, a minha casa é a dos meus filhos e a da minha mulher Susana – que amo, a minha grande companheira, o meu suporte. Sou é um estúpido, porque muitas vezes vivo igualmente apaixonado pelo trabalho, e deixo-me sugar por ele, pela urgência de que ‘é para ontem’. Não é. E o que não consigo fazer hoje durante o horário de trabalho normal, farei amanhã. Só me resta passar da teoria à prática.   

- O medo que tive… quando um dia li que dentro de 200 anos as pessoas já não vão morrer por causas naturais. Que daqui a 200 anos já existirá cura para todas as doenças. Aí o grande medo seria morrer de acidente e, se assim fosse, o ser humano deixaria de arriscar, testar, experimentar… 
 
- Sinto vergonha alheia... das pessoas que para deixarem os filhos na escola estacionam o carro em cima do passeio. Não sei se existe alguma ligação racional mas, quanto maior, mais caro e mais exuberante é o carro, mais abusados aqueles seres são,  dificultando a vida aos peões. Uma nota adicional: a última vez cruzei-me com um que nem bom dia me disse. Que arrogância é essa? O dinheiro pode trazer grandes e bons carros… será que traz educação também?
 
- O futuro... foi ontem. Se hoje perdemos muito tempo a pensar nele não vivemos o presente. 

- Prometo… não prometer. Fazer!
 
- Tenho orgulho... da minha mãe, mas provavelmente nunca lho disse. Orgulho da sua resiliência, da sua capacidade de trabalho. Do seu poder em suportar a dor,  muitas vezes em silêncio. Uma mulher que dedicou toda a sua vida aos que a rodeiam.