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Palavra de Honra | Estamos a chegar perigosamente perto de uma situação "o activismo ou a morte"

16 ago 2022 14:42

Maria Miguel, economista

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- Já não há paciência.. para sequestros da amigdala e resgates bancários. Em ambos os casos, parecem-me reações perfeitamente desproporcionais.

- Detesto... oligarcas russos e beatas na areia.

- A ideia... é desfrutarmos muito disto tudo, uns dos outros, do nosso corpo, da vida - sem darmos cabo da paisagem e do juízo dos outros. E, se possível, deixarmos as coisas um pouco melhores para alguém.

- Questiono-me se... algum dia conseguirei arrumar de vez a arrecadação. Alguém me obrigue, por favor.

- Adoro... boiar no mar.

- Lembro-me tantas vezes... da vida que a minha mãe e o meu pai tiveram para me darem a vida que gostariam que eu tivesse. O privilégio e a ausência de privilégio resumem a forma como o poder é distribuído. Não reconhecermos o que de bom nos calhou na rifa é sermos uns pirralhos ingratos.

- Desejo secretamente... o silêncio.

- Tenho saudades... das férias grandes. Quem não?

- O medo que tive... de não conseguir voltar a apaixonar-me, depois da primeira vez que pensei que se me tinha partido o coração. Felizmente foi só chapa.

- Sinto vergonha alheia... quando ouço alguém dizer que não liga à política. Os tempos (também no sentido climático da palavra) não estão para fingirmos que não somos cidadãos dotados de agenciamento político, co-criadores da realidade que habitamos, com poder para actos de cidadania, ações e exigências políticas concretas. Gestos de consumo sustentável, como deixar de usar sacos de plástico ou não comer carne, são fixes mas não estão a fazer mexer o ponteiro à velocidade que precisamos. Estamos a chegar perigosamente perto de uma situação "o activismo ou a morte".

- O futuro... certamente não reside em criar valor para o accionista. Está mais que visto que o planeta não aguenta este ritmo de exploração dos seus recursos. Nem nós o devemos aguentar.

- Se eu encontrar... o tal accionista, abro as janelas para arejar esse cheiro a mofo do capitalismo, puxo de uma cadeira confortável e discuto com ele o sarilho em que o ciclo trabalho-consumo-trabalho nos meteu. Se isso não resultar, toco-lhe o Sandinista! dos Clash. Se isso tambem não resultar... ainda me sobra um espacinho lá numa prateleira da arrecadação.

- Prometo... falhar. É o nome de um livro do Pedro Chagas Freitas, autor que a Representação Permanente de Portugal na União Europeia (REPER) decidiu destacar este Verão como expoente da nova literatura portuguesa. Para além do Prometo Falhar, Chagas Freitas lançou tambem o Prometo Perder, o Prometo Amar e o Prometo Falhar Todos os Dias. Já estão a ver onde é que ele vai com isto..

- Tenho orgulho... orgulho em ser uma vaca vaca vaca vaca. Para quem não reconhece este verso clássico, é da letra de uma música muito tonta da Rua de Sésamo. Devia eu ter uns 7 ou 8 anos quando a aprendi na TV e foi tal e qual o anúncio do Boca Doce ou o genérico dos Jovens Heróis de Shaolin: ficou cá gravado para a vida. Hoje, sempre que alguém diz "tenho orgulho", o Pavlov bate forte e sai-me disparada essa pérola de cultura pop infanto-juvenil. É lidar.