Viver
Palavra de Honra | Gostava que o dia tivesse 48 Horas
Liliana de Sousa, Ceramista e Formadora
- Já não há paciência... para tanto tempo em frente aos ecrãs, para pessoas que acreditam que o tempo delas é mais valioso que o dos outros, para perder tempo com situações que não valem a pena. A Paciência é um bem precioso, e guardo-a para os meus filhos.
- Detesto... pouca coisa, é dos piores sentimentos que se pode ter, mas aquela hora do dia em que tenho que ir dormir... gostava que o dia tivesse 48 Horas.
- A ideia de... levar o meu trabalho ao mundo ou o mundo ao meu trabalho, de fazer conexões que possam trazer benefício à vida das pessoas, mergulhar nas diferentes culturas, é uma ideia que me faz continuar.
- Questiono-me se... é possível viver plenamente sendo mulher, artista e mãe, neste país. Se o reconhecimento do talento e da arte deve ser limitada por papéis e títulos, quando ela se manifesta através da alma, visão e do coração. Somos artistas, criadores e contadores de histórias, o nosso valor vai além de letras e números. O verdadeiro reconhecimento devia vir do impacto que a arte tem na vida das pessoas.
- Adoro... a chuva, uma lareira, um copo de tinto, um bom livro, boa companhia. Adoro o meu trabalho, as mãos na roda de oleiro, o forno para abrir com peças novas. Adoro que a vida seja poesia, que cheire a paixão, e transpire emoção.
- Lembro-me tantas vezes... dos primeiros dias de aulas após as férias do Verão, aquela emoção, a novidade e ao mesmo tempo uma certa incerteza…
- Desejo secretamente... que haja uma segunda oportunidade, uma vida sem guerras, … desejo que isso ainda aconteça nesta vida porque as pessoas que amo estão cá e ainda quero viver tanto com elas. Que nunca me deixe de apaixonar, que as cores não deixem de brilhar.
- Tenho saudades... do momento em que não éramos dependentes da tecnologia. Em que o mundo era menos complicado, em que era mais fácil encontrar pessoas de sorriso fácil e verdadeiro.
- O medo que tive... quando achei que estava com um aneurisma e que podia ser a última vez que via os meus filhos…aí caiu tudo ao chão. Felizmente foi falso alarme, não era algo tão grave…a vida ganhou um brilho diferente a partir desse dia.
- Sinto vergonha alheia... quando alguém fala comigo como se os artistas/agentes fossem empregados do estado e da mesma forma tivessem o seu ordenado ao fim do mês garantido…quando vejo entidades públicas a não fazerem uso das redes de contactos…
- O futuro... não quero de modo algum que seja em frente a um ecrã. Quero passar mais tempo e viajar com os meus filhos, vê-los crescer. Quero amar todos os dias, o mundo e as pessoas, e criar com a minha arte uma visão de que a Paz é o caminho.
- Se eu encontrar... uma oportunidade emocionante para explorar, pessoas novas para conhecer, aventuras para viver, não vou deixar escapar.
- Prometo... continuar a cuidar da minha saúde física e mental. Prometo tentar através da arte criar pontes entre territórios. Prometo continuar a amar a minha cidade e a dar sempre o melhor de mim a quem merecer, pois está claro.
- Tenho orgulho... de ser quem sou, toda a loucura que me acompanha e que cada vez mais teimo em assumir. De nunca ter desistido de criar arte através da técnica cerâmica. E dos meus colegas artistas e agentes, que também mergulham de cabeça. Orgulho do amigo, na cidade vizinha, visionário que está sempre lá quando preciso.