Viver
Palavra de Honra | Nos dias de hoje, ser generoso é, ironicamente, quase um ato de coragem
Sofia Lamachão, UX Designer
Já não há paciência… para o excesso de barulho e eventos em praças, praias, jardins e outros sítios públicos. Há uma necessidade desnecessária de preencher o silêncio e de entretenimento permanente.
Detesto... certezas absolutas. É um campo minado que nos limita a aprendizagem, trava a descoberta e a possibilidade de evoluirmos.
A ideia... a palavra, talvez, mais presente na profissão que escolhi. A capacidade de imaginar, de usarmos as nossas experiências, o que observamos e absorvemos do mundo para resolver problemas. Ter ideias faz parte do meu trabalho; tentar criar, a partir delas, soluções que tenham um impacto positivo na vida das pessoas é um dos meus maiores privilégios.
Questiono-me se... haverá uma forma de podermos viajar no tempo e conhecermos todas as pessoas que admiramos e que viveram antes de nós. Nesta impossibilidade, valham-nos os livros, a arte e as histórias para nos sentirmos menos sozinhos e mais sábios.
Adoro... ir a concertos e ficar lá mesmo à frente, junto ao palco. Pegar numa guitarra e fazer barulho. Adivinhar o nome de uma canção logo aos primeiros acordes. Viajar. E abraços, muitos, sempre.
Lembro-me tantas vezes... das manhãs em que o meu pai me levava de carro, à escola, sempre com a mesma cassete a tocar o “Speedy Gonzalez”, do Pat Boone, em loop, infinitamente, muito alto e com ele a cantar, muito feliz.
Desejo secretamente... voltar aos dias em que o tempo parecia infinito.
Tenho saudades... de ver o meu avô a decorar, com canela, o arroz doce na noite de Natal.
O medo que tive… de conduzir, sem rumo e bastante perdida, em São Francisco. Uma cidade enorme, com uma morfologia tramada para quem, como eu, tem vertigens.
Sinto vergonha alheia... da falta de generosidade e cuidado com o outro. Há uma letra de uma música (de uma banda de que gosto muito) que diz mais ou menos isto “É tão fácil rir, é tão fácil odiar. É preciso ter coragem para ser gentil e amável”. Nos dias de hoje, ser generoso é, ironicamente, quase um ato de coragem.
O futuro... será sempre um lugar melhor se nunca nos esquecermos do quão preciosa é a nossa liberdade.
Se eu encontrar... uma forma de chegar daqui até ao Japão em minutos, partilho.
Prometo... procrastinar menos.
Tenho orgulho... na curiosidade infinita que tenho em aprender coisas novas todos os dias. Nas decisões e caminhos que escolhi e que, no meio de alguma aleatoriedade, fizeram de mim o que sou hoje. Mas sobretudo nas pessoas com quem cresci e outras com quem me fui cruzando e que foram ficando e se tornaram, também, família.