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Palavra de Honra | Tenho sempre muita vontade de aprender e de questionar "verdades absolutas"

27 mai 2021 10:42

Carolina Cravo, Coordenadora do Redes na Quint@ - E8G

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Já não há paciência...para livros de “auto-ajuda e de auto-conhecimento” baseados na ideia de que o indivíduo é o único responsável pelo seu sucesso. Uma concepção absolutamente injusta para muitas pessoas e que não tem em conta o contexto, as desigualdades, a falta de oportunidades que, para muitos, é ainda a regra...infelizmente.

Detesto...a falta de cuidado com a língua portuguesa que tem conduzido a sermos diariamente confrontados com inúmeros erros ortográficos, nos mais diversos locais. A falta do “h” no verbo “haver”, o hífen a mais nas formas verbais (“gosta-mos”), não distinguir o “pudemos e podemos” e por aí fora...Incomoda-me mesmo, puxa!

A ideia de... continuar sempre a aprender, fascina-me. Sou uma eterna insatisfeita de conhecimento. Tenho sempre muita vontade de aprender e de questionar “verdades absolutas”.

Questiono-me muitas vezes... como é que há tanta falta de empatia. Como é que há pessoas tão indiferentes ao outro (ao seu sofrimento, à sua condição)? Acredito verdadeiramente que só nos tornamos completos na relação com o outro e na capacidade de reconhecermos no outro emoções e afetos que eu poderia estar a sentir.

Adoro...ler histórias com as minhas filhas. É um prazer que descobri quando fui mãe. A magia dos livros infantis (e dos livros, em geral) permite-nos encher de afetos e tornar especial o momento diário do deitar. A vida tem destas coisas bonitas de se ir revelando e de nos permitir reinventar.

Lembro-me tantas vezes...de percorrer a Avenida da República em Lisboa com o meu avô. Para me convencer a andar ele inventava uma “caça aos clips” (sim... aqueles objetos de metal). Todos os dias apanhávamos uns quantos no caminho da escola para casa! Hoje questiono-me se ele colocaria previamente alguns pelo caminho para eu apanhar...

Desejo secretamente...viajar para um sítio quente e bonito, com poucas pessoas por metro quadrado, onde possa dizer “Bom Dia” a toda a gente com quem me cruzar e não precise de levar casaco “para a noite”.

Tenho saudades...de passar os dias a comer jaca já cortada e preparada... até ficar com as mãos e boca a colar.

O medo que tive...quando tive o meu primeiro desgosto de amor, por pensar que aquela dor tão real e intensa poderia durar para sempre. Como se tivesse aberto um buraco no coração e que nada pudesse curar isso. Ouvi incessantemente “As águas de Março” (do Tom Jobin com a Elis Regina). Felizmente a nossa capacidade de amar é infinita e o amor regenera.

Sinto vergonha alheia...quando as pessoas falam com enorme confiança do que não sabem, do que não conhecem. Há por aí muitos “achistas” e peritos em tudo e mais alguma coisa.

O futuro...é para ir sendo pensado no presente, num equilíbrio entre o “aqui e agora” e o “ali e depois”. É única esta capacidade que o ser-humano tem, de se conseguir projetar num tempo que ainda não aconteceu, num tempo ainda não vivido.

Se eu encontrar...um lince ibérico ou uma chita peço-lhes desculpa por todas as atrocidades que os seres humanos têm feito, conduzindo dezenas de espécies à extinção e à destruição do nosso planeta.

Prometo...continuar sempre a lutar para um mundo mais equilibrado, justo e com mais afeto... porque acredito verdadeiramente nesta possibilidade.

Tenho orgulho…de já ter vivido e trabalhado em vários países: Itália, Inglaterra, São Tomé e Príncipe, Moçambique. Todas estas experiências, fora da minha “zona de conforto” puseram-me à prova, permitiram-me conhecer os meus limites, dando-me pistas para responder a uma máxima que me acompanha sempre: “Conhece-te a ti mesma”. É essencial!