Viver
Palavra de Honra | Vergonha alheia é um bom barómetro para medir a minha parvoíce
Rui Miguel Ruivo, sacerdote
Já não há paciência... para quem dela não usa. Então, o melhor é haver paciência que é uma boa virtude e outro nome do amor. Com paciência resolviam-se metade das discussões ou metade e mais uma.
Detesto… tudo o que descentra a humanidade do essencial. Ou talvez o melhor mesmo seja não detestar, mas amar para trazer luz às situações difíceis.
A ideia... era que o mundo fosse mesmo um cosmos, em ordem, mas nós estamos sempre a pincelá-lo com tinta de caos. Vai uma bagunça neste quarto chamado mundo, que vai demorar mais de uma semana a aspirar, limpar o pó, arrumar a roupa, lavar vidro, fazer a cama... bem já estou cansado.
Questiono-me se... Se me deixarei de questionar. Afinal, as questões fazem-nos sempre avançar quando procuramos resposta. As perguntas são portas abertas para seguir caminho.
Adoro… a Deus, claro, só a Ele. Mas gosto muito de muitas coisas, como coleccionar amigos, desporto, ler, teatro, música... um grande gosto para tudo isto... e mais.
Lembro-me tantas vezes… da minha infância e da capacidade de imaginação e criatividade que desenvolvi sem saber, com todas as brincadeiras de criança. Um mundo imaginário. A imaginação eleva o real.
Desejo secretamente… ser muito velhinho, olhar para o passado e dizer: “valeu a pena viver e ser padre” e nessa memória grata juntar-lhe outro pensamento: “continuo a desejar secretamente o Céu”
Tenho saudades… de pessoas, tantas pessoas, das que já passaram e das que vão passar pela minha vida. O que me vale é que as saudades são uma forma de presença dessas pessoas. Por isso, tenho muitas saudades.
O medo que tive... de não me encontrar no sentido certo da vida. Viver uma vida em contra-mão é um grande perigo. Felizmente encontrei as placas no caminho.
Sinto vergonha alheia... quando alguém faz algo profundamente errado. A vergonha alheia é um bom barómetro para medir a minha parvoíce e poder ou não também sentir vergonha própria.
O futuro… A Deus pertence, mas também Lhe pertence o presente. A mim e a todos nós cabe-nos somente o presente, como verdadeiro presente a desembrulhar todos os dias.
Se eu encontrar… uma vida em branco a precisar de ajuda para ser escrita, escreverei palavras com cheiro a poesia, para fazer dela uma bonita história de vida com a esperança de um final feliz.
Prometo... como dizia a minha avó, não é necessário prometer. A palavra dada tem de ter valor. Se digo a verdade não preciso de prometer, ela tem força por si própria.
Tenho orgulho... quando me pedem ajuda e consigo efectivamente ajudar, tenho orgulho quando vejo gente a passar do triste para o feliz, tenho orgulho quando percebemos o lado bom e belo da vida, tenho orgulho... mas na dose certa para não ser pecado e ter de me confessar.