Opinião
Páscoa
Guida Figueiredo
Aépoca da Páscoa é um convite à reflexão sobre o que representa Jesus Cristo para cada um de nós. Mesmo que não sejamos religiosos convictos os dez mandamentos são um código de conduta que a ser respeitado traria paz à Humanidade.
A meu ver, um dos mais belos ensinamentos da Bíblia são os dois grandes mandamentos, em especial o segundo grande mandamento “ Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” Mateus 22:37-40. Esta pequena e simples frase encerra em si mesma uma grande complexidade.
Não que amar seja algo difícil ou complexo para a maioria dos seres humanos. O grande desafio provem em primeiro lugar do princípio de se amar a si mesmo e em segundo lugar de amar os outros na mesma proporção.
Se ponderarmos sobre amar-se a si mesmo vemos que a maior parte das pessoas tem dificuldade em amar-se, em respeitar-se, em Ser simplesmente. Muitos de nós infligimo-nos inconscientemente dor (na mente e no corpo), temos comportamentos autodestrutivos, de permanente autocritica, de não-aceitação e projeção permanente do ego.
Em suma, muitas pessoas não gostam de si mesmas. Este fato é tanto mais frequente quanto mais as pessoas são encorajadas a olhar para fora de si mesmas, a viver segundo ideais impostos e não para dentro de si mesmas, projetando nos outros ou no meio o seu próprio mundo interior.
Parece lógico que se uma pessoa não gosta de si mesma não pode gostar dos outros (pessoas, meio ambiente, animais). Incorrerá naturalmente em comportamentos desrespeitosos para com os outros do mesmo modo que se desrespeita si mesma.
Como ignora o seu mundo interior infligirá dor sem muitas vezes ter noção dos seus atos. Creio, por isso, que a base para uma pessoa se amar a si mesma está em primeiro lugar conhecer-se, o que implica tornar-se consciente.
Ao tomar consciência sobre o que nos provoca desconforto, nos tira a paz, nos provoca ansiedade, raiva ou tristeza estamos a trazer à luz do dia sentimentos obscuros que muitas vezes ignoramos e disfarçamos sobre a forma de comportamentos reativos e obsessivo-compulsivos.
Observarmo-nos permite-nos libertarmo-nos do que inibe a nossa essência não nos permitindo aceitarmonos tal qual somos.