Desporto
Paulo Reis: "Sempre que pedi alguma coisa parecia um pedinte a estender a mão para uma esmola"
Novo coordenador técnico de atletismo do Sporting aponta qualidades à ‘máquina’ de atletas em Leiria e revela o que faz falta à Cidade Europeia do Desporto para estar ao nível das melhores
Como surgiu o convite para ser técnico de atletismo do Sporting?
O meu trabalho começou a ser conhecido quando comecei a treinar atletas de nível internacional e a ter cargos organizativos. Além disso treino atletas do Sporting e os responsáveis do clube já conheciam o meu trabalho, por isso quando decidiram mudar a estratégia da secção de atletismo fizeram a abordagem e, claro, ponderei e decidi aceitar.
Quais são as funções no novo cargo?
Coordeno o atletismo do Sporting desde as escolas de formação até ao alto rendimento e, portanto, as minhas funções são muito alargadas. No alto rendimento acompanho preparação e a prestação competitiva dos atletas e dos treinadores. Nos campeonatos de clubes vou constituir as equipas, tento também perceber que atletas e treinadores podem eventualmente reforçar o clube ou que deixam de cumprir os propósitos e pretendo fazer com que a Academia do Sporting seja mais organizada, produza melhores atletas e forme melhores treinadores. A equipa que chefio tem várias pessoas diariamente em Lisboa e estamos sempre em contacto e a tomar decisões porque, para já, o meu trabalho vai manter-se sobretudo em Leiria.
Vai continuar a treinar os seus atletas?
Sim. Independentemente de tudo, a minha principal ambição no atletismo continua a ser ter atletas a ganharem medalhas a nível internacional e o meu foco está nos Jogos Olímpicos de Paris, em 2024. Estando mais ocupado, com mais responsabilidades e com mais volume de trabalho é normal que tendencialmente isto tenha alguma influência negativa no processo de treino mas eu estou a fazer tudo por tudo para que tal não aconteça. Neste momento tenho sete ou oito atletas com quem assumi um compromisso e não vou abandoná-los a meio do processo.
O clube vai continuar a reforçar-se aqui?
Sim, já havia essa procura e agora fica mais fácil porque ao nível da formação eu conheço os atletas e os treinadores de Leiria e sei que têm feito um trabalho meritório. Vou estar sempre a observar esses jovens e é provável que no futuro haja mais atletas de Leiria e ingressar no Sporting.
Como fica a ligação com o clube que fundou, a Juventude Vidigalense?
Eu já não fazia parte dos corpos sociais, apenas colaborava com a equipa técnica mas neste novo contexto são coisas incompatíveis. Fui fundador e coordenador técnico do clube até sentir que, por mais que tentasse rumar contra a maré, não havia envolvimento local e não nos eram proporcionadas condições para chegarmos um bocadinho mais longe. Isso criou em mim um certo desânimo e uma mágoa que fez com que eu decidisse passar a pasta. Estive uma época completamente afastado e depois passei a ajudar sobretudo ao nível da tomada de decisão. Agora volto a sair. É difícil, mas desta segunda vez é menos complicado. Olho e olharei sempre com muito carinho para a JV e esse elo nunca se vai quebrar, mas agora tenho de olhar para outras cores e para outra camisola.
O que faltou para o clube crescer?
Foi um pouco de tudo. Em Leiria toda a gente percebe um pouco de actividade física e de desporto de médio rendimento, mas no que respeita ao alto rendimento não temos cultura, tradição nem estratégia. Na minha carreira de treinador de alto rendimento não me recordo de alguma pessoa com poder político ou de decisão em Leiria chegar ao pé de mim para me perguntar o que po
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