Economia

Petróleo barato? Temos boas e más notícias

28 jan 2016 00:00

O barril de crude está a cotar no valor mais baixo dos últimos 12 anos. Um cenário favorável para as famílias e para as empresas, excepto aquelas que exportam para países dependentes das receitas petrolíferas

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Em apenas 17 meses, a cotação do crude caiu dos 100 dólares para mínimos de 12 anos. Os efeitos são transversais, para o bem e para o mal. Por um lado, o preço dos combustíveis rodoviários e da energia consumida pela indústria vai, mais tarde ou mais cedo, reflectir o contexto actual, o que dá folga às famílias e às empresas, além de beneficiar a balança comercial do país.

Por outro, a crise nas economias dependentes do petróleo, como é o caso de Angola, coloca desafios na frente internacional, que vão do atraso nos pagamentos à suspensão de projectos.

O barril de Brent bateu nos 27,36 dólares a 19 de Janeiro, em Londres. Nos últimos dias, recuperou para mais de 30 dólares, mantendo-se, ainda assim, em patamares praticados pela primeira vez desde o início do ano de 2004.

Ninguém tem certezas sobre o que vai seguir-se, a instabilidade prevalece. Como pano de fundo, a guerra comercial entre os países árabes da OPEP (que têm os custos de produção mais baixos) e os Estados Unidos da América (que voltaram a exportar e estão a mudar as regras do jogo com o petróleo de xisto).

O fim do embargo ao Irão e o abrandamento da economia chinesa ajudam a criar a tempestade perfeita: um excesso de oferta de um milhão de barris por dia, segundo especialistas presentes no Fórum Económico Mundial.

Neste contexto, por que motivo a gasolina e o gasóleo não acompanham a descida do preço do petróleo ao mesmo ritmo? O novo governo dá a primeira resposta: vai aumentar o Imposto Sobre Produtos Petrolíferos até cinco cêntimos por litro em 2016, para compensar a perda de receitas no IVA .

"Se não houvesse carga fiscal, o preço do gasóleo neste momento seria de 30 cêntimos por litro", salienta Amílcar Lagoa, administrador da VMF Petróleos, que tem sede em Leiria. Ou seja, dois terços do que o consumidor final paga são impostos. Mas há outras explicações: a relação do Euro com o Dólar, os custos logísticos e os custos de refinação da matéria-prima, que são influenciados pela sazonalidade do consumo, condições meteorológicas e a própria disponibilidade das refinarias, isto de acordo com a posição pública da Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (APETRO).

Em qualquer caso, para empresas como a VMF Petróleos, que tem postos de abastecimento nos distritos de Leiria, Santarém, Évora e Portalegre, as últimas notícias são boas notícias. "Os preços são regulados pelo mercado. Todas as segundas-feiras recebemos o preço final fixado pelas companhias, em cima do qual aplicamos a nossa margem de lucro. Quanto mais barato está o produto, melhor para nós, porque ganhamos uma percentagem por cada litro vendido", explica Amílcar Lagoa.

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