Sociedade

População ajuda a combater incêndio na Maceira (com vídeo)

8 jul 2022 18:15

Chamas estiveram próximas de zonas habitacionais e os moradores têm recorrido a mangueiras e baldes para ajudar os vizinhos

Um misto de revolta, pela falta de limpeza da floresta, e de ansiedade, pela proximidade das chamas às zonas habitacionais, são os sentimentos dominantes na tarde desta sexta-feira, na freguesia da Maceira, concelho de Leiria, onde lavra um incêndio com alguma intensidade.

O fogo deflagrou às 14:41, na localidade de Telheiro, e às 18:00 horas já tinha chegado próximo de algumas habitações na zona da Pocariça.

“O fogo esteve mesmo aqui ao pé da minha casa”, afirmou ao JORNAL DE LEIRIA Marina Macedo, de 31 anos, residente na povoação.

“Foi a minha vizinha que veio com as mangueiras, para regar o jardim e o telhado, até os bombeiros evitarem que o fogo viesse para o nosso lado”, adiantou a mulher, manifestando a sua revolta por ter pinheiros próximos da sua habitação e ninguém fazer nada para os retirar, como estabelece a lei.

“O ano passado fiz queixa à GNR mas ninguém fez nada”, lamentou a moradora, sobre "os terrenos que estão por limpar".

Entre a raiva e o desespero, a população une-se e tenta ajudar como pode. A correr pelos caminhos de terra tentam antecipar as chamas, ajudam os bombeiros, puxam as mangueiras dos furos e carregam baldes cheios de água.

"Isso não adianta de nada", atira alguém. "E fazemos o quê? Deixamos tudo arder?", respondem. 

Com focos de incêndio e reacendimentos a 'serpentear' a freguesia, os bombeiros e a Guarda Nacional Republicana lutam para controlar o fogo e manter a população em segurança.

Em frente à antiga escola primária, e no meio de várias casas, uma sucateira foi tomada pelas chamas.

"Eu nunca vi uma coisa assim. O fogo já andou por estes pinhais em alguns anos, mas nunca aqui dentro, perto das casas", lamenta Raul Marques, de 63 anos, no dia em que esperava estar naquela rua apenas para assistir à passagem da procissão da sua padroeira. 

Ao final do dia, e com as constantes mudanças de direcção do vento, as chamas continuavam a não dar tréguas. No terreno estavam 171 operacionais, auxiliados por 53 viaturas e três meios aéreos.

FP/PCG

Fotografias de Ricardo Graça