Saúde

Por que é as mulheres têm piores indicadores de saúde?

21 nov 2015 00:00

Inquérito mostra que são elas quem sofre mais

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Maria Anabela Silva

Sofrem mais de dores lombares e cervicais e de outros problemas crónicos nas costas e no pescoço. São também mais afectadas por artroses e depressão. O último Inquérito Nacional de Saúde (INS), divulgado na semana passada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), revela que, em quase todos os indicadores, as mulheres apresentam piores resultados  que os homens.

Isto significa que elas têm pior saúde do que eles? Não necessariamente. Mariana Neto, coordenadora do estudo, explica os dados agora revelados resultam de um questionário, que “não implica observação”, mas sim “auto-resposta da pessoa em função das patologias que sente ou que lhe dizem que tem”.

“Pela sua natureza, mas também pela sua fisiologia a mulher é mais sensível aos cuidados de saúde e procura-os mais. Estão mais atentas a estas questões”, acrescenta aquela especialista, que integra o Departamento de Epidemiologia do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, organismo que desenvolveu o inquérito em parceria com o INE.

De acordo com os dados divulgados, um terço da população portuguesa  sofre de dores lombares crónicas, uma problemática mais sentida pelas mulheres. Quase 40% das inquiridas referiram essa patologia contra os 25,2% dos homens.

Também elas se dizem mais afectadas pelas dores cervicais e outros problemas crónicos no pescoço. Quase 32% das  mulheres queixaram-se deste tipo de dores, que apenas foi referida por 15,5% dos homens.

Segundo Elisabete Valente, directora  do Serviço de Anestesiante e da Unidade da Dor do Centro Hospitalar de Leiria, “existem efectivamente desigualdades de género em relação  à frequência, intensidade, localizaçãoda dor e resposta ao tratamento analgésico”. Porquê?

A médica diz que a  reposta “não é linear”, embora se possam “levantar algumas hipóteses”. Uma das explicações está relacionada com o facto, “já demonstrado”, de que “um homem queixa-se menos face a um profissional de saúde do mesmo sexo”.

“Isto tem a ver um pouco com a educação que recebemos desde crianças e um pensamento ainda muito predominante na sociedade de que um homem não deve ser 'queixinhas' e, perante a dor, tem de ser forte e aguentar mais”.

Pelo contrário, “as mulheres estão mais 'autorizadas' pela sociedade a lamentar- se e também mais habituadas a ter dores (menstruação, enxaquecas, dor de parto, etc.).

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