Sociedade

Presidente de Castanheira de Pera retira pelouros a vereadores João Graça e Nuno Tomás

7 ago 2021 15:47

Autarcas eleitos pelo PSD concorrem às próximas autárquicas por movimento independente

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João Graça e Nuno Tomás
DR
Daniela Franco Sousa

Alda Carvalho, presidente de Câmara de Castanheira de Pera, eleita pelo PSD, como independente, retirou ontem os pelouros atribuídos aos vereadores João Graça e Nuno Tomás, após ter conhecimento que ambos integram a lista que concorre às próximas autárquicas pelo movimento Mudar Castanheira 21. Os pelouros ficam agora sob sua alçada.

João Graça, vice-presidente da Câmara, tinha até agora, entre outras pastas, os Assuntos Sociais, Educação e Desporto. Tinha sido eleito à Câmara pelo PSD.

Já o vereador Nuno Tomás, que tinha sido eleito pelo PSD, como independente, assumia até ontem, entre outros pelouros, o Ambiente e Sustentabilidade, Gestão Urbanística, Obras Públicas e Privadas.

Em comunicado, o Gabinete da Presidência faz saber que a autarca “teve conhecimento no dia três de Agosto último, de forma pública e notória por afixação no Tribunal da Comarca de Figueiró dos Vinhos, que João Miguel das Neves Graça e Nuno Óscar Lopes Tomás integram uma lista adversária ao partido pelo qual foram eleitos em 2017 e pelo qual exercem ainda as funções autárquicas de vereadores a tempo inteiro, às eleições de 26 de Setembro do corrente ano”.

A presidente considera que “a confiança política é essencial para uma conduta do ponto vista ético, relacional, institucional e funcional na gestão pública autárquica, dentro da legitimidade democrática e dos princípios da boa-fé” e que “na ausência nos últimos dias de auto-decisão (entrega de pelouros delegados pela presidente) por parte dos mencionados vereadores, o que era curial, expectável e compreensível”, determina a revogação da atribuição de pelouros de 19 de Junho de 2020 aos “vereadores João Miguel das Neves Graça e Nuno Óscar Lopes Tomás, que deixam de estar a tempo inteiro a partir do dia 6 de Agosto de 2021”.

"É uma posição que não nos surpreende", afirma João Graça, contactado pelo JORNAL DE LEIRIA.

"A senhora presidente há muito tempo que vem assumindo posições de forma unilateral e prepotente. E, a mês e meio do final do mandato, demonstrou que não tem espírito democrático", defende o vereador.

João Graça e Nuno Tomás integram listas do movimento independente Mudar Castanheira 21, liderado pelo empresário Luís Oliva, deputado municipal, eleito pelo PSD como independente.

O movimento Mudar Castanheira 21 integra militantes do PSD, "que não se revêem na forma de governar da senhora presidente, mas também por elementos de outros partidos políticos e independentes", explica João Graça.

Já Pedro Graça, que integrava a concelhia do PSD de Castanheira de Pera, concelhia que entretanto se demitiu, afirma, em comunicado, que ao longo do mandato, iniciado em 2017, a presidente "tentou sempre fazer pontes e em harmonia apresentar propostas para melhorar o concelho e a sua gestão, apesar de muitas dificuldades, entraves e impedimentos".

Recorda vários episódios que ocorrerem, "sempre geridos com minúcia, para ser possível o equilíbrio de personalidades e interesses no executivo", mesmo quando  o vereador João Graça, há mais de um ano, fez "uma carta aberta, pondo em causa a presidente social-democrata e a empresa municipal que gere a Praia das Rocas". 

"Teve-se agora conhecimento que João Miguel das Neves Graça e Nuno Óscar Lopes Tomás, vereadores com pelouros eleitos pelo PSD, integram uma lista adversária ao partido pelo qual foram eleitos em 2017 (...) não tendo os mesmos tido a coragem, a frontalidade e a decência de se terem demitido de estarem a tempo inteiro em representação do PSD, e entregue os pelouros que lhe estavam confiados"  em representação deste partido, aponta Pedro Graça.

Nesse sentido, a presidente, que também se recandidata pelo PSD às próximas autárquicas, retirou os pelouros por "falta de confiança política" e pelo facto de estes "atraiçoarem o partido, pelo qual foram eleitos, ao entrarem numa lista adversária", expõe ainda.

"A lista adversária é supostamente 'independente', integrando vários militantes do PSD, sendo encabeçada pelo presidente de Conselho de Administração de uma empresa com capital municipal, que é deputado municipal e misturou as funções nas últimas reuniões, o que não é exemplar", acrescenta, em comunicado.

"O PSD através da sua representação em gestão, vai comunicar aos órgãos do partido distritais e nacionais, esta bizarra situação, pedindo que se apliquem os estatutos e a saída dos 'traidores' do PSD, de militantes (usual em todo o País) e que os mesmos tenham a decência de deixar as funções pelas quais foram eleitos em nome do partido, na Assembleia e na Câmara Municipal, como é habitual em democracia exercida com elevação e dignidade", nota ainda.

Acerca desta situação em concreto, o vereador João Graça esclarece que "a posição de Luís Oliva no Conselho de Administração da empresa de capital municipal não é remunerada".

Notícia actualizada às 17:09 horas.