Economia
Problemas crónicos das zonas industriais podem ter dias contados
Depois de longos anos de reclamações por parte dos empresários, várias autarquias da região estão a apostar nas suas zonas industriais. Ampliações, acessos e sinalética são algumas das medidas que prometem fazer a diferença
Na região de Leiria, como pelo resto do País, há problemas crónicos nas zonas industriais (ZI), que merecem a contestação dos empresários há décadas. Mas se antes as empresas proliferavam sem grande apoio infra-estrutural, face a alguma inactividade das autarquias, hoje o paradigma parece estar a mudar.
São várias as câmaras da região que assumem o desenvolvimento económico como prioridade e que avançam com novos parques ou com melhoramentos nas ZI existentes. Acessibilidades, sinalética, mais lotes ou novos serviços de apoio são algumas das apostas que prometem fazer a diferença. Jorge Santos, presidente da Associação Empresarial da Região de Leiria, constata esse esforço das autarquias, que hoje, embora a ritmos diferentes, aprovam projectos empresariais com mais celeridade e tentam melhorar as condições de acolhimento das empresas. Para essa mudança de atitude tem contribuído a pressão exercida ao longo de anos pelos investidores, salienta o presidente.
Ourém: organizar é o lema
A Caxamar foi uma das primeiras empresas a instalar-se na ZI Casal dos Frades, em Seiça, Ourém. Elisabete Bastos, gerente, recorda que foi comde expectativa que a Caxamar ali se instalou. Porém, volvidas quase 30 anos, os problemas persistem. “Não há passeios e nem parque de estacionamento para camiões. Os motoristas não têm onde pernoitar nem onde tomar banho”, aponta a empresária. Outro problema, observa a gerente, é o facto de não existir sinalética à entrada da ZI. E à saída, por não haver grande visibilidade e não ter sido construída uma rotunda, são frequentes os acidentes no local, lamenta a empresária.
Luís Albuquerque, presidente da Câmara de Ourém, explica que, embora o concelho tenha boas empresas, durante muitos anos elas proliferaram pelo território de forma desorganizada, tal com sucedeu um pouco por todo o País. Por essa razão, algumas têm agora dificuldade em crescer e, nalguns casos, até prejudicam com ruído os moradores dos locais onde se inserem.
Apostar nas condições das ZI é por isso prioritário. Luís Albuquerque informa que a Câmara está a analisar a ligação da ZI de Casal dos Frades ao IC9, que fica a cerca de três quilómetros, um acesso que pode ser melhorado, eventualmente com a criação de uma rotunda. O Município está também a fazer o levantamento dos lotes existentes na ZI, para contactar com os proprietários que não solicitaram licenciamento. O objectivo é, conta opresidente, perceber se lotes desaproveitados ainda podem ser comercializados, porque existe procura por parte de investidores.
A Câmara está ainda a trabalhar no projecto de ampliação da ZI de Caxarias, para criar 20 novos lotes. O Município pretende também criar uma ZI na Freixianda, onde estão a ser negociados terrenos. O objectivo é comercializar lotes durante este mandato, revela Luís Albuquerque.
Alcobaça: juntar empresários e partilhar meios
Marco Faustino, gerente da Balbino & Faustino, é crítico quanto às condições da generalidade das ZI do País, que em nada se comparam à realidade nórdica. “A definição de zona industrial pressupõe à partida a existência de muito mais do que um aglomerado de empresas. A concentração de comércio e serviços numa determinada localização deveria gerar sinergias facilitadoras para todos os utilizadores, o que na verdade nem sempre se verifica”, aponta o empresário. “Valências como formação, alimentação, cuidados de saúde, segurança e tantas outras poderiam ser facilmente potenciadas em prol de todas as organizações envolvidas. Seria fácil e útil, mas provavelmente estaríamos a falar de uma realidade mais nórdica e menos latina”, compara Marco Faustino.
Quanto a Casal da Areia, onde a Balbino & Faustino tem instalações, Marco Faustino valoriza o facto de ser uma ZI “generosa de vias de comunicação e acessos” e reconhece que a existência de vários parques de estacionamento oferece “uma organização que não é habitual”. Não deixa, contudo, de lamentar “alguns problemas crónicos que nunca foram ultrapassados”. Refere-se à “falta de sinalização das ruas e sobretudo à crónica falta de água com pressão nas redes de combate ao incêndio”. Lamenta ainda a inexistência de um “organismo congregador das empresas locais, que poderia ser um factor de união e partilha de meios”.
Hermínio Rodrigues, vice-presidente da Câmara de Alcobaça, nota que a Autarquia “tem vindo a valorizar” Casal de Areia. “Sabemos da questão da falta de sinalética e de publicidade e por isso já fizemos um estudo, em parceria com a Veco Design, para resolver esse problem
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