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Quando o Orfeão Velho ditava o impulso da cultura em Leiria
De Mário Viegas a David Mourão-Ferreira, dos Silence 4 aos Gift, do Acaso ao Megafone e aos concertos da Fade In, a Rua Latino Coelho, antiga sede do Orfeão de Leiria e de O Nariz, afirmou-se durante décadas na agenda de artes e espectáculos
“Uma sala mítica”, diz Sofia Lisboa, sobre o chamado Orfeão Velho, na Rua Latino Coelho, desocupado desde 2010, onde os Silence 4, ainda em início de carreira, se apresentaram ao vivo no festival de teatro Acaso, no mesmo palco aberto para outra banda então a experimentar os primeiros passos num percurso que haveria de alcançar projecção nacional: The Gift.
O festival Acaso é organizado pela companhia de teatro O Nariz e não é o único que tem raízes no Orfeão Velho: na lista encontram-se, por exemplo, alguns dos primeiros concertos promovidos pelo núcleo fundador da Fade In, associação hoje responsável pelo festival Entremuralhas, e o primeiro festival – o Megafone – criado por Gui Garrido, actualmente director artístico do Festival A Porta.
Derradeiro inquilino do Orfeão Velho, desde meados dos anos 90 até 2010, O Nariz abre o imóvel à comunidade e entre actividades próprias e programação de terceiros estabelece uma âncora para a cultura no centro histórico da cidade, um destino onde desagua a noite de toda uma geração.
“A sala de espectáculos de Leiria era aquela casa”, sublinha Pedro Oliveira, da companhia O Nariz, com “memórias boas” de “centenas e centenas de actores que ali passaram a representar”, entre eles, Mário Viegas, José Raposo, João Lagarto ou Carmen Dolores. “Um local de criação” e “uma residência artística permanente”, que, além do teatro e das sessões de contadores de histórias, ia do rock ao jazz.
Na conversa com o JORNAL DE LEIRIA, a memória de Pedro Oliveira regressa por segundos ao auditório, “que recuperado ficava uma coisa magnífica”. Com “tudo o necessário para qualquer grupo de teatro de uma cidade média”, o Orfeão Velho era também um daqueles lugares “onde as pessoas se encontram e organizam coisas”, com potencial para um “papel-chave no desenvolvimento cultural” de Leiria. “Este tipo de movimentos, quando se perdem, dificilmente se recuperam”.
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