Viver

Que futuro para a Cidade Criativa e para a Casa que poucos conhecem?

4 out 2021 09:10

Com a saída de Celeste Afonso, coordenadora da Leiria Cidade Criativa da Música, o projecto fica nas mãos da equipa técnica da Divisão de Cultura do Município de Leiria

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Espaço no Centro Cívico foi inaugurado em 2020, com a presença da ministra da Cultura
Ricardo Graça

Sete cidades portuguesas, entre 246 em todo o Mundo, estão na Rede de Cidades Criativas da Unesco. Destas, só Amarante, Idanha-a-Nova e Leiria receberam, em Portugal, a designação Cidade Criativa da Música.

Depois de nomeada pela Unesco em Outubro de 2019, Leiria inaugurou em Junho do ano seguinte, com a presença da ministra da Cultura, Graça Fonseca, a Casa da Cidade Criativa da Música, um espaço no Centro Cívico de Leiria, na Rua Direita, que mais de um ano volvido poucos habitantes do concelho realmente conhecem, enquanto outros, provavelmente, nem sabem que existe.

Agora que Celeste Afonso, que liderava a Leiria Cidade Criativa da Música, sai de cena, por esgotar o tempo de serviço em regime de mobilidade permitido no estatuto da carreira docente, a vereadora da Cultura garante que a solução passa, não por uma nova coordenação, mas “pelo envolvimento e acompanhamento dos projectos pela equipa técnica da Divisão de Acção Cultural, Museus e Turismo”.

Anabela Graça anuncia que “a curto prazo” o município pretende “delinear o perfil e as competências necessárias dos profissionais para a implementação de um plano de açcão a quatro anos alicerçado no Plano Estratégico Municipal da Cultura do Concelho de Leiria, no Plano de Acção Leiria Cidade Criativa da Música, bem como outros documentos programáticos”.

Celeste Afonso reconhece que, com a pandemia, algo “falhou” na apropriação da ideia pela população. “Se calhar, pela comunidade artística, até foi, mas não é o suficiente”. E dá um exemplo: se perguntarmos aos comerciantes do centro histórico se sabem que Leiria é Cidade Criativa da Música, “a maioria dirá que não”.

Por outro lado, segundo Celeste Afonso, “a Leiria Cidade Criativa da Música não tinha orçamento próprio”, funcionou “com os meios possíveis”, dependente da despesa da Divisão da Cultura do Município de Leiria e de outras fontes de financiamento.

“Tem de haver um orçamento próprio”, salienta, sem ele “não há a possibilidade de uma planificação a médio e longo prazo”.

Celeste Afonso, que é professora do quadro de um agrupamento de escolas em Óbidos, trabalhou em Leiria desde Setembro de 2018 até Agosto último. Deixa também, segundo a própria, o conselho estratégico da Rede Cultura 2027, responsável pela candidatura de Leiria a capital europeia da cultura, que será entregue em Novembro.

Do trabalho realizado, destaca a conexão da música com outras áreas artísticas e o envolvimento com o Ronda, a olaria da Bajouca, a arte xávega da Praia do Pedrógão, o CineBanda e a exposição sobre tipografia matemática actualmente patente no Moinho do Papel.