Sociedade
Que homem anda com navalha no bolso? Elementar: um cavalheiro
Carlos Norte dá fogo à cutelaria de autor, e a uma tradição de várias gerações, na oficina Lombo do Ferreiro.
Carlos Norte acredita que a classe da navalha define o cavalheiro, como no tempo em que nenhum homem saía de casa sem lenço e canivete no bolso. A história do canivete português, conta ao JORNAL DE LEIRIA, é também a história de quem lhe deu uso: o escrivão, na lapela, com mecanismo para retirar o lacre das cartas; o canivete alentejano, de lâmina alta, para andar sempre afiado; a navalha bandido, que aparece num livro sobre o estripador de Lisboa como arma do crime; o canivete de marinheiro, sem bico, para não furar o bote, mas com acessório para desatar cordas. Mesmo hoje, "quem tem um canivete safa-se melhor", garante o engenheiro mecânico, filho, neto e bisneto de artesãos da cutelaria, que se dedica à produção de navalhas, facas e espadas de autor por métodos manuais e tradicionais na oficina Lombo do Ferreiro, na aldeia de Relvas, freguesia de Santa Catarina e concelho de Caldas da Rainha, onde a família está instalada há várias gerações, sempre no mesmo ofício.
Os clientes são chefs de cozinha, coleccionadores, caçadores e pessoas que estão preparadas para tudo. Até para o fim do mundo. Segundo Carlos Norte, o canivete "voltou a usar-se como ferramenta essencial, se existir uma catástrofe" e está a regressar "a moda do gentleman".
A muitos apaixonados pela magia da forja, interessam as réplicas de armas antigas: a espada dos templários, a sax viking, a gladius romana, a adaga medieval para desferir o golpe de misericórdia no campo de batalha e a icónica falcata, de raiz céltica, provavelmente utilizada por Viriato para defender a Lusitânia da invasão romana, com ponto de equilíbrio muito à frente, lâmina curta, pesada, escultura de água ou cavalo no cabo, perfeita para a luta corpo a corpo. Todas estas já ganharam forma no ateliê de Carlos Norte, com site em lojadasfacas.pt, que vai buscar o nome, Lombo do Ferreiro, ao sítio arqueológico do período romano e Idade Média, no concelho de Alcobaça, que se julga ligado à actividade metalúrgica.
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