Viver

Salvar tradições e costumes, à volta de um forno de cerâmica, com histórias, sons e comida típica

10 mai 2024 11:30

“Batendo em ondas contra a noite escura”, projecto que O Nariz Teatro lidera, tem a primeira sessão pública este sábado, na eira das Grutas de Mira de Aire

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O forno de papel, pretexto para a partilha
Nelson Garrido

A apresentação pública vai desenvolver-se em três datas e em diferentes locais: este sábado, 11 de Maio, na eira das Grutas de Mira de Aire, concelho de Porto de Mós; e no próximo fim-de-semana, 18 e 19 de Maio, respectivamente, na eira do Casal Vieira, em São Mamede, Batalha, e no Museu do Casal do Monte, em Monte Redondo, Leiria.

As actividades do projecto “Batendo em ondas contra a noite escura”, que procura resgatar tradições e costumes, à volta de um forno de cerâmica, com histórias, sons e comida típica, ocupam o período entre as 11 e as 21 horas.

Amanhã, pelas 11 horas, de acordo com o programa que O Nariz Teatro divulgou, inicia-se a construção do forno de papel, seguindo-se, às 13 horas, um almoço em que tanto participantes como público podem degustar, por exemplo, morcelas e tortulhos de Mira de Aire ou morcelas de arroz grelhadas de São Mamede.

Durante a tarde, está previsto um momento de histórias e tradições, a começar às 14:30 horas, antes da partilha de sonoridades diversas com a participação do público e registos sonoros captados anteriormente (das 17 horas em diante).

A abertura do forno deverá ocorrer pelas 20 horas e durante todo o dia serão expostas fotografias ilustrativas e registos áudio do processo de intervenção artística, dirigido a pequenas comunidades rurais em territórios de baixa densidade populacional, onde existe o risco de desaparecimento de tradições e costumes enraizados ao longo do tempo.

Batendo em ondas contra a noite escura”, que O Nariz Teatro lidera, é um projecto financiado pelo Município de Leiria e conta com parcerias da CasaSiphioni, do Trupêgo (Porto de Mós) e do Alguidar (Batalha), e uma equipa em que se incluem Pedro Oliveira, Vitória Condeço, José Paulo Siphioni, Paulo Simões, Hugo Wittmann, Sandra Sousa, Nuno Rancho e Liliana Gonçalves.

A metodologia de recolha de informação, segundo O Nariz, pretende identificar os métodos de produção artesanal na área da olaria, as suas estratégias de produção, os ofícios associados à cerâmica e as suas técnicas e habilidades, que muitas vezes foram transmitidos de geração em geração.

Os objectivos passam por envolver toda a comunidade no processo criativo e na respectiva apresentação pública, em torno da elaboração de peças de cerâmica cozidas.

Além de incidir no trabalho, modelação e cozedura do barro através do forno de papel, o projecto visa reunir conteúdos de tradição oral, como contos de cariz pagão e religioso, lendas e fábulas, ladainhas e trava-línguas, adivinhas e provérbios, e os modos de expressão corporal que fazem parte do imaginário local.