Sociedade

Secretário de Estado João Vasconcelos viajou a convite da Galp

5 ago 2016 00:00

O secretário de Estado da indústria, João Vasconcelos, natural de Leiria, foi um dos elementos do Governo que voou para Paris numa viagem paga pela Galp, para assistir aos jogos do Euro 2016.

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Além do governante de Leiria, também foram 'patrocinados' os secretários de Estado dos Assuntos Fiscais, Fernando Rocha Andrade, e da Internacionalização, Jorge Costa Oliveira. 

O Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa recusou comentar a política interna portuguesa, mas defendeu, em abstrato, os princípios da transparência, contenção dos gastos públicos e não confusão entre poder político e económico.

"Em abstracto, o que posso dizer é que a minha campanha eleitoral e o meu mandato como Presidente têm sido permanentemente preocupados com uma ideia que também preocupa os portugueses, que é a ideia da transparência, que é a ideia da contenção dos gastos públicos, que é a ideia de não confusão entre poder económico e poder político", afirmou o chefe de Estado, citado pela Lusa.

O Governo considerou que o caso das viagens de membros do Governo pagas pela Galp para assistir a jogos do europeu de futebol "fica encerrado" com o reembolso das despesas efectuadas pelo patrocinador oficial da selecção.

"Tendo suscitado dúvidas na opinião pública, os senhores secretários de Estado fizeram questão de assegurar o reembolso de quaisquer despesas em que o patrocinador tenha incorrido por motivo da sua participação nessa iniciativa de apoio público. Ao fazê-lo, do ponto de vista do Governo, o caso fica encerrado", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, em declarações aos jornalistas no Palácio das Necessidades, em Lisboa, citado pela Lusa.

Considerando que os secretários de Estado "tem todas as condições" para permanecer nos cargos, Augusto Santos Silva começou por "contextualizar a situação", recordando que se tratou de "uma iniciativa de mobilização de apoio público à selecção nacional de futebol no europeu de 2016", "que não é primeira vez que se sucede e que mobilizou dezenas e dezenas de personalidades públicas da vida portuguesa, entre os quais vários titulares de cargos políticos".

"A iniciativa teve despesas que foram custeadas pelos patrocinadores oficias da selecção nacional de futebol, não se trata da relação entre 'a' e 'b' a propósito de 'c'", sustentou. Questionado sobre a razão porque os secretários de Estado decidiram reembolsar as viagens, o ministro dos Negócios Estrangeiros disse que a intenção foi dissipar quaisquer dúvidas.

Augusto Santos Silva recusou ainda que em causa tenha estado um gesto de cortesia de uma empresa que tem um diferendo com o Estado, reiterando que se tratava de uma iniciativa pública de apoio à selecção. "Não se trata de um gesto de cortesia de 'a' em relação a 'b', trata-se de uma iniciativa pública de apoio à selecção nacional de futebol por um dos patrocinadores oficiais da Federação Portuguesa de Futebol (…) e no âmbito dessa iniciativa pública participaram dezenas e dezenas de personalidades públicas da vida portuguesa, entre os quais três membros do Governo", frisou.

O ministro dos Negócios Estrangeiros rejeitou igualmente a ideia de que o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais possa ter ficado politicamente fragilizado com a situação, porque Rocha Andrade "não tem relação direta com o contencioso" entre o Estado e a Galp. Interrogado se os secretários de Estado envolvidos no caso colocaram o lugar à disposição, Augusto Santos Silva respondeu apenas que "todos se disponibilizaram para reembolsar as despesas".

"Portanto, ao assumir pessoalmente as despesas, com esse gesto do meu ponto de vista encerraram esta questão", disse.

Agência Lusa/Jornal de Leiria