Desporto

Sem adversárias, meninas da Maceirinha jogam no campeonato masculino (com fotogaleria)

11 jan 2019 00:00

Uma equipa de futebol feminino encontrou no campeonato masculino a única forma de competir. E elas estão felizes por poderem fazer o que mais gostam.

Fotografias: Ricardo Graça

“Olha que engraçado! Vão jogar com meninas!”, diz uma senhora. “Sim, sim, jogam no campeonato distrital de sub-13 porque não há mais equipas femininas no distrito”, contrapõe um pai, sempre conhecedores do percurso desportivo dos filhos.

É sábado de manhã, está um frio de rachar, mas as miúdas da Associação Cultural e Recreativa da Maceirinha entram em campo de sorriso nos lábios, felizes por poderem fazer aquilo que mais gostam.

No clube houve um boom de meninas interessadas em jogar à bola e como não surgiram outros emblemas no distrito com miúdas nascidas até aos 15 anos, a Associação de Futebol de Leiria resolveu colocá-las a competir com rapazes ligeiramente mais novos, em formato extra-competitivo.

No entanto, quando pisam a relva, não querem saber se é a valer ou não. “Estamos ali para fazer o nosso melhor”, garante Dorisa Silva.Ela é uma das 28 miúdas que compõe o plantel azul-e-branco e a "porta está aberta" a todas as outras que estiverem interessadas em jogar futebol, garante o treinador, Simão Cardoso. 

A base de captação tem vindo a alargar-se e já há atletas que têm de cumprir uma série de quilómetros até chegar ao treino, de Monte Real à Mendiga, de Leiria a Pataias.

As mais bem preparadas jogam na equipa de sub-19, que ocupa o segundo lugar da série D do Campeonato Nacional do escalão, as mais novinhas e com menos experiência têm oportunidade de competir com os rapazes dos clubes do distrito.

“Os tempos são outros”, mas para algumas desta miúdas não foi fácil terem permissão para praticar a modalidade que sempre as cativou.

“Achavam que era um bocadinho violento para mim”, conta Dorisa, que só no ano passado pôde integrar a equipa. “Ainda não é fácil ser aceite como uma opção válida. Já foi muito pior, mas continua a haver alguma resistência.

No entanto, as pessoas acabam por perceber que é aquilo que elas gostam e, às vezes, os pais mais difíceis acabam por ser os maiores apoios”, completa o treinador.

“Honestamente, tive algum receio quando apresentei a possibilidade e disse que era importante participar neste campeonato para todas poderem jogar”, admite o responsável. A resposta pronta de todo o grupo de trabalho deixou-o descansado.

“Queremos é jogar”, disseram em uníssono, para satisfação de Simão Cardoso. “O melhor de trabalhar com miúdas é que querem aprender, estão ali porque gostam e não pensam em ser o Cristiano Ronaldo. É a principal diferença.”

No último sábado, o jogo foi contra o Leiria e Marrazes. As miúdas deram tudo, mas os rapazes, apesar de mais novos, eram mais sabidos. “Quando ganhávamos a bola eles faziam pressão e não nos deixavam pensar”, relata Francisca Carvalho. Nada que incomode o treinador, pouco preocupado com derrotas e goleadas.

“O mais importante é dar-lhes jogo”, explica. “O que nos interessa é que elas cresçam a jogar, porque tê-las a treinar e depois, ao sábado, ficarem em casa, não faz sentido. A evolução faz-se efectivamente em jogo, a ter de decidir e a saber o que fazer com a bol

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