Sociedade

Sentença: culpa solteira no incêndio do Pinhal de Leiria

4 nov 2019 16:33

Tribunal de Alcobaça considerou impossível provar autoria

sentenca-culpa-solteira-no-incendio-do-pinhal-de-leiria
Chamas destruíram 86 por cento da mata nacional localizada no concelho da Marinha Grande
Ricardo Graça/Arquivo

A única arguida do processo relacionado com o grande incêndio de 2017 no Pinhal de Leiria foi hoje (4 de Novembro) absolvida pelo Tribunal de Alcobaça.

A mulher de 68 anos estava acusada de um crime de incêndio florestal por alegadamente ter iniciado uma queimada de mato e silvas num terreno baldio na Burinhosa, concelho de Alcobaça, junto à casa que habita.

Na sentença, proferida esta tarde, a juíza considera impossível concluir que a arguida é a autora da ocorrência, por inexistência de provas ou mesmo indícios.

O MInistério Público, responsável pela acusação, já tinha sugerido a absolvição, na anterior sessão do julgamento.

De acordo com a investigação, dois reacendimentos estão na origem do incêndio que destruiu 86 por cento do Pinhal de Leiria.

Em ambos os casos, as autoridades dizem ter existido acção humana na primeira ignição, quando as chamas surgiram pela primeira vez, mas desconhece-se a identidade do responsável (ou responsáveis).

Na Praia da Légua, concelho de Alcobaça, o incêndio começou (e terminou) a 12 de Outubro, com causa dolosa, segundo o Ministério Público. Foi encontrado um artefacto incendiário: um púcaro de resina com uma pinha e caruma no interior, previamente ateadas. 

Na Burinhosa, o incêndio começou antes das 7 horas do dia 15 de Outubro e o Tribunal de Alcobaça considera provado que também teve mão humana. Os bombeiros declararam-no extinto a meio da manhã.

O reacendimento na Praia da Légua aconteceu às 13:51 horas do dia 15 de Outubro e o reacendimento na Burinhosa, a 10 quilómetros, às 14:33 horas, no mesmo dia.

Avançaram sem controlo e entraram no Pinhal de Leiria e noutras matas nacionais do litoral centro, num sinistro de enormes proporções que só foi considerado extinto na tarde de 20 de Outubro, já na zona de Leirosa, Figueira da Foz.

A investigação seguiu outras pistas, denúncias e teses, incluindo a teoria de conspiração entre empresas do sector florestal. Os empresários foram inquiridos e alvo de intercepções telefónicas. Todas as hipóteses acabaram descartadas.