Sociedade
SPEAK quer integrar refugiados ucranianos em toda a Europa
Iniciativa da start-up fundada em Leiria já tem centenas de inscrições
‘Speak for Ukraine’ é a nova iniciativa da start-up que nasceu em Leiria, SPEAK, para “dar resposta à necessidade de integração de mais de 2,8 milhões” de refugiados ucranianos através do ensino linguístico e do apoio emocional no mundo inteiro.
O objectivo da plataforma online é fornecer a refugiados ucranianos um “acesso rápido e gratuito a grupos de línguas”, permitindo a aprendizagem da língua local do país de acolhimento. “Pretendemos complementar o trabalho de integração de pessoas migrantes e refugiadas ao nível da barreira linguística”, explica, citado em comunicado de imprensa, o co-fundador e CEO da SPEAK.
Hugo Menino Aguiar, de Leiria, acredita que um dos grandes trunfos do projecto é a criação de “uma solução de integração ao nível familiar, e não apenas individual”, que não só garante a superação dessa barreira, como permite “criar uma rede de suporte informal” no país de acolhimento das pessoas refugiadas.
Contando já com “centenas de inscrições a partir de mais de 60 cidades de todo o mundo”, o SPEAK explica que pretende “juntar pessoas voluntárias a organizações, assim como a pessoas que, após a chegada aos países de acolhimento, necessitam apoio para ultrapassar a barreira linguística”, naquilo que descreve como sendo uma “rede informal de suporte”.
De modo a atingir as suas metas, o projecto vai mobilizar voluntários para “liderar grupos de línguas, ensinando a língua local” e fornecer apoio a “organizações com tradução e/ou interpretação, de ucraniano ou russo para as mais diversas línguas”.
A iniciativa é realizada em parceria com a Representação da Comissão Europeia em Portugal e a Associação Be Human, e conta com o apoio da Fundação Ageas.
Para a representante da Comissão Europeia em Portugal, Sofia Moreira de Sousa, “aprender o idioma local, desenvolver relações pessoais e criar uma base de apoio é essencial para uma verdadeira integração”.
A plataforma também vai estabelecer parcerias com “grupos de apoio emocional” de modo a facilitar a “integração nas comunidades” das pessoas refugiadas e as suas famílias. “As feridas invisíveis de assistir e vivênciar uma guerra transcendem as nossas gerações”, sublinha a fundadora do Be Human, Maria Palha, que crê ser fundamental a criação de “um programa de apoio emocional para prevenir o stress agudo e os transtornos psicológicos a curto, médio e longo prazo”.
Para o presidente do conselho de administração da Fundação Ageas, João Machado, é necessário ter “uma resposta concertada entre entidades públicas, privadas e sociais” perante esta crise humanitária que exige “um plano de médio-prazo que contemple apoio de emergência e apoio estruturado à progressiva integração de pessoas refugiadas na comunidade portuguesa”.
A SPEAK, fundada em Leiria em 2014, tem “o objectivo de mitigar a exclusão social de migrantes e refugiados” e conta com uma comunidade de 52.000 pessoas em 23 cidades de 12 países.