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Último calafate da Nazaré salva embarcações tradicionais degradadas

18 mar 2021 18:34

Valorizar um património que faz parte da memória colectiva das gentes da Nazaré é o objectivo do projecto que, entre outras acções, contempla o restauro de embarcações tradicionais. A recuperação está a cargo de José Joaquim Constantino.

José Constantino explica que este é um trabalho de minúcia, paciência e paixão
José Constantino explica que este é um trabalho de minúcia, paciência e paixão
Ricardo Graça
Sol da Vida - Construído em 1981, praticou várias artes de pesca no mar da Nazaré. Foi cedido à Câmara pela família do antigo proprietário, José Manuel Limpinho Salsinha
Sol da Vida - Construído em 1981, praticou várias artes de pesca no mar da Nazaré. Foi cedido à Câmara pela família do antigo proprietário, José Manuel Limpinho Salsinha
Perdido - Construído em 1949, foi usado na arte xávega, método de pesca artesanal cujas redes eram puxadas em terra por duas filas de homens e de mulheres
Perdido - Construído em 1949, foi usado na arte xávega, método de pesca artesanal cujas redes eram puxadas em terra por duas filas de homens e de mulheres
Ilda - Barco a remos, construído em 1948 e registado para a pesca local. Era a lancha auxiliar do barco de pesca do candil Vagos e tinha uma lotação máxima de dois tripulantes
Ilda - Barco a remos, construído em 1948 e registado para a pesca local. Era a lancha auxiliar do barco de pesca do candil Vagos e tinha uma lotação máxima de dois tripulantes
Mimosa - Foi primeiro uma barca de “armação valenciana”, sistema de captura de sardinha que exigia várias embarcações. Mais tarde, transportou pessoas e peixe entre a zona das antigas bóias e a praia
Mimosa - Foi primeiro uma barca de “armação valenciana”, sistema de captura de sardinha que exigia várias embarcações. Mais tarde, transportou pessoas e peixe entre a zona das antigas bóias e a praia
CMN
Vagos - Construída em 1956, destinava-se à pesca do candil, praticada à noite na baía da Nazaré. Usava uma lancha auxiliar, que tinha uma cruzeta com fogachos para iluminar o espaço e atrair o peixe à superfície
Vagos - Construída em 1956, destinava-se à pesca do candil, praticada à noite na baía da Nazaré. Usava uma lancha auxiliar, que tinha uma cruzeta com fogachos para iluminar o espaço e atrair o peixe à superfície
Ricardo Graça
N.ª S.ª dos Aflitos - Barca salva-vidas, serviu entre 1912 e 1977. Destaque para o salvamento de 21 pescadores num naufrágio em 1914 e de 47 alemães que pertenciam a um submarino de guerra afundando em 1945
N.ª S.ª dos Aflitos - Barca salva-vidas, serviu entre 1912 e 1977. Destaque para o salvamento de 21 pescadores num naufrágio em 1914 e de 47 alemães que pertenciam a um submarino de guerra afundando em 1945
Três Irmãos Leais - Foi a última embarcação de arte xávega na Nazaré. Entre 1995 e 2011, a embarcação e a respectiva companha recriaram esta pesca tradicional durante os meses de Maio e Junho.
Três Irmãos Leais - Foi a última embarcação de arte xávega na Nazaré. Entre 1995 e 2011, a embarcação e a respectiva companha recriaram esta pesca tradicional durante os meses de Maio e Junho.
Maria Anabela Silva

É um trabalho de paciência… muita paciência. Com ajuda de um maçarico, José Joaquim Constantino, o último calafate da Nazaré, tenta curvar a madeira e levá-la para onde quer. Para facilitar o processo, as tábuas são, previamente, embebidas numa solução à base de óleo e gasóleo que ajuda a amaciá-las.

Depois, “é chegar-lhe o calor”, para lhe “dar o jeito” pretendido e “levar a madeira ao sítio certo”, explica o mestre, enquanto aproxima, mais uma vez, o maçarico da última tábua que colocou na Mimosa, uma das sete embarcações tradicionais da Nazaré que estão a ser restauradas no âmbito de um projecto de preservação deste património cultural promovido pela Câmara.

O objectivo mais imediato é recuperar os barcos e devolvê- los à exposição ao ar livre montada no areal, em frente ao centro cultural da vila (antiga lota) e junto à zona de secagem do peixe, numa parceria que envolve também o Museu Dr. Joaquim Manso.

O projecto contempla ainda a criação de um armazém no porto de abrigo, onde o trabalho de reparação possa ser feito à vista de turistas e até de jovens estudantes. A lógica, explica Walter Chicharro, presidente do Município, “é passar este conhecimento para as escolas e para o mundo”, valorizando um património que constitui “um activo que a Nazaré não pode perder”.

O autarca conta que o projecto começou a ser idealizado ainda no seu primeiro mandato, iniciado em 2013, após uma visita às oficinas da Câmara onde encontrou, “encostada a um canto”, uma barca salva-vidas.

De imediato, decidiu que aquele “não era o espaço” para a embarcaç

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