Economia
Unidade de hidrogénio verde de 100 milhões presa pela burocracia, na Marinha Grande
Tema referido durante a apresentação da agenda Mobilizadora Ecocerâmica e Cristalaria de Portugal
Está atrasado o empreendimento Nazaré Green Hydrogen Valley, avaliado em cerca de 100 milhões de euros, que prevê a instalação de uma Unidade de Produção centralizada de “hidrogénio e oxigénio verdes”, na Zona Industrial do Casal da Lebre, a fim de suprir o fornecimento de energia barata e sustentável.
A 15 de Março, quando terminou o processo de consulta pública, o responsável comercial e de comunicação João Rosa Santos dizia ser expectável que a construção da fábrica arrancasse este ano, assim que fossem obtidos os licenciamentos necessários.
Mas, a chegar ao final do ano, a obra ainda não foi iniciada.
No Open Day ECP – Soluções para a Cristalaria da Agenda Mobilizadora Ecocerâmica e Cristalaria de Portugal (ECP), nas instalações do Centimfe, na Marinha Grande, Carlos Viegas, director comercial na Crisal, lamentou que a Rega Energy ainda esteja à espera de licenciar a unidade de oxigénio e hidrogénio Unidade de hidrogénio verde de 100 milhões, presa pela burocracia, na Marinha Grande verdes, para fornecer as quantidades requeridas pelo novo forno oxi-híbrido da Crisal, criado no âmbito da ECP.
Esta unidade combina electricidade e gases renováveis a fim de reduzir significativamente as emissões, aumentar a eficiência energética e melhorar a qualidade do processo produtivo.
O forno tem uma capacidade de fusão de 90 toneladas diárias e foi instalado no âmbito do Working Package 2 da Agenda Mobilizadora ECP – Ecocerâmica e Cristalaria de Portugal, dedicado à energia e descarbonização da fileira.
“Estamos a percorrer este caminho com total empenho, em cooperação e articulação com as entidades competentes, como é o caso da Câmara da Marinha Grande, para garantir a obtenção de todas as licenças necessárias”, revela a Rega Energy, em resposta ao JORNAL DE LEIRIA.
O período previsto para a construção da unidade é de 18 meses e a empresa estima que, em meados de 2027, estará a produzir hidrogénio e oxigénio verdes.
Desenvolvido pela subsidiária Reganazaré, o plano da Rega Energy passa por substituir combustíveis fósseis, criando H2 e O2 por electrólise de águas maioritariamente residuais.
A electricidade necessária provém, na totalidade, de fontes renováveis.
Este processo de produção de hidrogénio terá como subproduto oxigénio verde, que também será usado para melhorar a combustão industrial.
Agenda mobilizadora
Carlos Viegas destacou, durante a apresentação que o foco são os investimentos produtivos, visando a eficiência energética, a descarbonização, a circularidade das matérias-primas e a transição digital.
A Crisal, que produz vidros de mesa e exporta mais de 90% da sua produção, está a trabalhar em seis dos sete "working packages" da agenda ECP e, além da introdução de hidrogénio através do forno oxi-híbrido, está a ser realizada a digitalização da fábrica.
A meta principal é tornar a empresa mais "resiliente e sustentável", através da modernização tecnológica e da capacitação dos colaboradores.
O investimento elegível da Crisal no âmbito da agenda ECP/PRR é de 28,6 milhões de euros, deste valor total elegível, cinco milhões de euros ainda estão por executar.
Carlos Viegas assegura que se trata de verbas controladas e dentro dos timings previstos, até porque a Crisal apresenta uma taxa de execução financeira de 83%.
Este investimento da Crisal faz parte do investimento total elegível da agenda ECP, que é de 118 milhões de euros.