Sociedade
Vereadores eleitos pelo PS devolvem pelouros ao presidente de Câmara da Marinha Grande
Ana Laura Baridó e António Fragoso afirmam que não vão assumir uma “postura de obstaculização”
Ana Laura Baridó e António Fragoso, vereadores da Câmara da Marinha Grande, eleitos pelo PS, comunicaram terça-feira que devolvem os pelouros que lhes foram atribuídos a Aurélio Ferreira, presidente da autarquia liderada pelo +MPM. Afirmam que não se sentiram “integrantes de uma equipa”. Salientam, no entanto, que não assumirão uma “postura de obstaculização”.
Aurélio Ferreira, juntamente como os vereadores Ana Alves Monteiro e João Brito (eleitos pelo +MpM) reagiram ontem à noite, também em comunicado. Lamentam a decisão, mas estão convictos de que Ana Laura Baridó e António Fragoso “irão exercer o seu mandato com o sentido de responsabilidade e cooperação, em prol do interesse público”.
Recorde-se que, até agora, Ana Laura Baridó tinha as pastas da Saúde e da Coesão Social e António Fragoso as da Segurança e Protecção Civil, Edifícios e Equipamentos Municipais, Energia e Iluminação Pública, Mobilidade e transportes, Assessoria Jurídica e Contencioso.
“Desde sempre estivemos disponíveis para participar na discussão dos assuntos, gerar consensos para a tomada de decisão e, várias vezes, sentimos que não fomos ouvidos em temas importantes para o nosso concelho”, referem os vereadores eleitos pelo PS. “Mesmo quando pressionados por quem nos deveria apoiar, em nome de uma estratégia de revanchismo que os nossos conterrâneos não entenderiam, não deixámos nunca, de viabilizar a governabilidade da câmara”, prosseguem.
“Volvidos 23 meses de mandato e após uma reflexão acerca do nosso papel no executivo permanente, sentimos que aquilo que nos moveu ao aceitar este desafio está altamente comprometido”, partilham. E “várias foram as situações em que questionámos os nossos colegas do executivo permanente, e em especial o presidente, por não termos sido consultados aquando de tomadas de decisão”, lamentam os vereadores, que especificam diversos momentos.
“Questões relacionadas com a necessidade de formalizar os contratos interadministrativos com as três juntas de freguesia; dificuldades colocadas à Junta de Vieira de Leiria sobre a requalificação de algumas ruas, mesmo a expensas desta, com a obrigatoriedade de realização de um contrato interadministrativo, que nunca avançou; eventos assumidos pelo executivo sem o nosso conhecimento, por exemplo a Noite Branca e a Feira do Vinho, do Mel e dos Enchidos, comprometendo o sucesso de iniciativas de associações."
Também "ausência de prestação periódica de contas, quer a nós, vereadores do executivo permanente, quer ao órgão Câmara, situação prometida pelo presidente no início do mandato; a não consideração das nossas propostas relacionadas, por exemplo, com as AAAFs, CAFs e apoios escolares, em prol das famílias; a falta de autonomia para a gestão e decisão em assuntos relacionados com os pelouros que assumimos; a nossa discordância em relação a algumas decisões tomadas que, no nosso entender, não abonam em prol das associações e marinhenses em geral.”
Os vereadores irão manter-se em funções no executivo, sem pelouros, “mas com uma vontade inabalável de dar contributos para que a Marinha Grande, Vieira de Leiria e a Moita retomem um ambiente de desenvolvimento e confiança no futuro”.
“Não estamos, nem estaremos nunca, numa postura de obstaculização”, frisam os vereadores, que se comprometem a “desenvolver uma oposição consciente, responsável e colaborativa em função dos interesses dos munícipes”.
“Entendemos fazer uma governação colectiva, para a qual todos os vereadores foram chamados. Os vereadores do PS aceitaram fazer parte de um exercício permanente de funções, no qual estava subjacente os princípios de confiança, lealdade, autonomia funcional e decisória para o cumprimento da nobre missão que nos foi confiada”, salientam Aurélio Ferreira Ana Alves Monteiro e João Brito, eleitos pelo +MpM.
“Este compromisso permitiu, independentemente de todos os constrangimentos, designadamente de natureza política, o desempenho de funções com dedicação e compromisso com a causa pública”, prosseguem.
“Entendemos que as questões que são invocadas para justificar a tomada de decisão da renúncia relacionam-se com matérias inerentes ao funcionamento organizacional, com a dinâmica do dia-a-dia e com o cumprimento de obrigações legais”, apontam os autarcas.
“Lamentamos a tomada de decisão ora apresentada. Contudo, estamos convictos de que os senhores vereadores, Ana Laura Baridó e António Fragoso, irão exercer o seu mandato com o sentido de responsabilidade e cooperação, em prol do interesse público”, notam ainda.