Opinião

538

4 ago 2016 00:00

Os 538 sabem muito bem o jogo dos números, portanto que estão em terreno pantanoso e minado, mas dão-lhe o desconto.

Gosto muito de visitar um site chamado 538 (five thirty eight) a partir do momento em que descobri que era realmente possível desenvolver raciocínios assertivos e fascinantes sobre uma imensidão de coisas com base em estatísticas mais ou menos rigorosas e pertinentes.

O pessoal que escreve no 538 não bate bem, é certo. Mas têm todos pelo menos três características que não se encontram em todo o lado: são norte-americanos dos pés à cabeça, um traço sociológico e antropológico digno de ser observado só por si; sabem do que falam, i.e. um fulano que escreve sobre um concurso de engolir cachorros quentes em Nova Iorque (secção Cultura) sabe mesmo sobre concursos de engolir comida e dedica-lhes um genuíno interesse, tal e qual como aquele que escreve sobre o circo das eleições presidenciais (secção Política) ou os efeitos do Brexit (secção Economia) e raramente se enganam nas suas previsões.

Como é que fazem? Olham sempre seja o que for como se lhes fosse indiferente (e provavelmente é) o resultado que anunciam – o uso de estatísticas e resultados de questionário facilita este desprendimento mas não justifica o rigor das previsões. Os 538 sabem muito bem o jogo dos números, portanto que estão em terreno pantanoso e minado, mas dão-lhe o desconto. Por exemplo, há uns meses, enquanto os especialistas em estatística faziam inquéritos junto da classe média à procura de apoiantes de Trump ou de Cruz, 538 cruzou os dados com um pequeno inquérito feito pela associação de comércio local onde se apurava que os apoiantes de Trump comiam mais fastfood do que os de Cruz, que optavam pelos pequenos restaurantes.

*Dramaturgo

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