Opinião

A tradição existe…

9 jul 2022 21:00

Leiria carece de um espaço com uma nova oferta cultural, que englobe diferentes vertentes dentro do âmbito do tradicional – não confundir tradição com épocas cristalizadas…

Um espaço que promova a reabilitação e valorização do património tradicional / etnográfico – não confundir etnografia “apenas” com folclore… Para tal, é crucial que os agentes da cultura tradicional se unam.

E, em parceria com a Câmara – que tem lançado este desafio a diversos agentes, incluindo Juntas/Uniões de Freguesia – consigam elaborar um processo que permita desenvolver uma dinâmica onde não pode ser descurada a valorização do conhecimento, do saber-fazer, aliado a um conceito de criatividade para o qual a União Europeia tem considerado como sendo o futuro (programa Europa Criativa).

Não adianta continuarmos a considerar a tradição como algo que é estanque. Pode, também, ser evolutiva.

Para tal, no caso concreto de Leiria, deverá ser desenvolvida uma unidade museológica integrando oficinas de artes tradicionais, aliadas a espaços criativos, com a participação ativa dos artesãos e com o apoio do município. De nada vale continuarmos a olhar de soslaio para as artes contemporâneas.

Bem pelo contrário, estas, na cidade de Leiria, têm sido um excelente exemplo, cuja pujança dos seus agentes tem sido exemplar.

Devemos relevar a cultura patrimonial, neste caso no conceito das artes tradicionais, aprendendo, para além do benévolo, o que essas artes podem transmitir para a sociedade, agoirando o cinzento que muitas vezes nelas se impute, e numa base de contemporaneidade avançar para a promoção da cultural tradicional na ótica do ensino, da criatividade e da sociabilização tendo como raiz a tradição e o saber-fazer.

E, para se desenvolver um núcleo de artes tradicionais, é capital desenvolver bases que permitam criar pilares capazes de construir um projeto, real, que pode ter, dentro do júbilo cultural, a atração turística, não no conceito consumista, mas na valorização da identidade local através das artes tradicionais e da “transmissão de valores”, como descrevia Teófilo de Braga (1843-1924).

Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990