Editorial

Aguardam-se as cenas dos próximos capítulos

5 mar 2020 14:10

No meio de muita desinformação e de falsas notícias que, por exemplo, asseguram que este coronavírus é tão mortal quanto a gripe sazonal, todos os cuidados são poucos.

Uma pausa para “analisar” e “avaliar”, foi assim que o presidente da Câmara de Leiria anunciou que o projecto de construção do pavilhão multiusos de Leiria, ou Centro de Actividades Municipal (CAM), iria ser suspenso para a realização de um estudo de viabilidade económica. O anúncio, lido publicamente, na terça-feira, na reunião de Câmara, apanhou quase todos de surpresa.

Gonçalo Lopes garantiu, mesmo assim, que Leiria vai ter um pavilhão “até 2030”. Pode é não ser uma infra-estrutura com o tamanho inicialmente pensado e com outro tipo de valências.

Definitivamente, será algo com um custo dentro daquilo que o concelho, realisticamente, tem possibilidade de pagar e que corresponderá às necessidades do município.

Recorde-se que o valor inicial previsto, assumido pelo antecessor de Lopes, Raul Castro, era de 12 milhões de euros e “existiria apenas uma margem de 5% de desvio”.

Só que, neste momento, com as alterações introduzidas, estima-se que o custo se aproxime dos 18 milhões. Ou seja, quase 50% a mais.

Apesar de choverem críticas do lado da oposição social-democrata, que disparou contra o Executivo municipal “os mais de 300 mil euros já gastos” em projectos, Gonçalo Lopes optou por dar um passo cauteloso, perante um custo que poderia sair muito caro ao futuro do concelho.

Uma decisão reflectida, mesmo que tal não agrade a alguns gregos e a outros quantos troianos, uma vez que 2021 será ano de eleições e esta se apresentava como uma epónima espada de Dâmocles, por cima do pescoço do presidente da Câmara de Leiria.

Na semana passada, a propósito deste tema, o JORNAL DE LEIRIA fez um inquérito online junto do público de Leiria e, das 2095 pessoas que participaram, 57% disseram ser contra, enquanto 43% expressaram-se a favor da construção do CAM, de acordo com o projecto anunciado.

Agora, é tempo de avaliar e, se necessário, alterar radicalmente a premissa subjacente ao CAM. Sem receios. Aguardam-se as cenas dos próximos capítulos.

Por cá, também se aguardam os próximos capítulos da novela coronavírus-COVID- 19.

À medida que as notícias da China, foco original da doença, apontam para uma diminuição da incidência da afecção pneumológica, em Portugal, o mais Ocidental país da Europa, começaram a surgir os primeiros casos da doença e ainda faltará algum tempo até que se atinja o agudizar da situação.

No meio de muita desinformação e de falsas notícias que, por exemplo, asseguram que este coronavírus é tão mortal quanto a gripe sazonal, todos os cuidados são poucos.

É que, justamente, cautelas e caldos de galinha jamais fizeram mal a alguém.