Opinião

Cinema e TV | João Gonzalez, primeiro português nos Óscares

4 fev 2023 17:51

Relativamente a Ice Merchants, realço um grande crescimento artístico do realizador, tanto narrativamente como tecnicamente. É uma curta para todos os tipos de público

Não tirando o mérito a quem estava perto da nomeação dos Óscares, como Filipe Melo e Laura Gonçalves, que admiro muito, João Gonzalez, com Ice Merchants, fez-me perceber realmente que há esperança em Portugal.

Sempre admirei as curtas de João Gonzalez, desde The Voyager e Nestor. A particularidade do traço do João sempre me cativou, não só narrativamente, mas pelo mundo misterioso que criava nos seus filmes. O João foi meu convidado no Mov’Ilha 2021, uma amostra de curtas que organizo, onde apresentou Nestor. Pensar que passado um ano estaria na corrida ao Óscar de melhor curta de animação faz-me sentir um grande orgulho pelo caminho que ele tem traçado.

Relativamente a Ice Merchants, realço um grande crescimento artístico do realizador, tanto narrativamente como tecnicamente. É uma curta para todos os tipos de público. Tanto querida e amorosa para os mais sensíveis como cativante para quem gosta de histórias mais misteriosas. A mensagem transmite muitas emoções. É a combinação perfeita entre sensibilidade, simplicidade e mistério que resultou na boa receção dos críticos.

O aquecimento global é um tema que está subentendido na curta, o que a deixa mais rica. Apesar de grandes curtas de animação estarem também nomeadas, como o mais falado The Boy, the Mole, the Fox and the Horse, não podemos deixar de estar contentes e orgulhosos por Ice Merchants, que é um marco na história do cinema em Portugal.

Uma coisa é certa, qualquer um, como Filipe e Laura, poderiam estar lá, mas a nomeação do João foi muito merecida. Só desejo muito sucesso e uma boa sorte para 13 de Março.