Opinião

Continua assim, bebé

9 fev 2017 00:00

Lembro-me bem que os coliseus e outras casas que sempre quiseram mais nome do que dinheiro estavam barrados a artistas de música barata e má. "Ah, isso são gostos, não podes dizer isso". Posso posso.

Encontrei a Romana — aquela que canta músicas más de goela aberta — no supermercado e senti-me assustadoramente parecido com ela a escolher limões e bagas goji. No entanto há um desencontro enorme entre mim e a calma com que ela me pareceu existir.

Como tinha de escrever para o Jornal de Leiria, decidi fazer um ensaio. Resolvi reparar no desenvolvimento da normalidade de há, sei lá, 20 anos para cá. Não só artística e culturalmente, mas principalmente através dessas duas lentes.

Lembro-me bem que os coliseus e outras casas que sempre quiseram mais nome do que dinheiro estavam barrados a artistas de música barata e má. "Ah, isso são gostos, não podes dizer isso". Posso posso.

E digo. Hoje essas casas e outras maiores enchem com esses artistas e a música má já não é má, é normal porque as pessoas convivem bem com ela e as que não convivem, paciência, chegam a casa mais mal dispostas do que era suposto, tiveram de levar com ela no supermercado porque acordaram com vontade de fazer limonada. Acordas e pensas: "uma limonada é que era".

*Músico

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