Opinião

COP26

16 nov 2021 15:45

Numa sociedade que sempre rejeitou ideias novas, não me parece que consigamos abraçar uma causa tão grande quanto a de salvar o mundo

É a sigla da cimeira, promovida pela Nações Unidas, que, hoje, em Glasgow, revelará o primeiro documento de entendimento entre todos os actores que participaram neste fórum. O que podemos esperar? Mais do mesmo ou acções concretas?

Entretanto, questionemos a verdadeira consistência deste tipo de encontros. Historicamente, nenhum deles tem produzido dinâmicas de mudança.

Os principais players tem feito exactamente o contrário daquilo a que se comprometeram.

Aceitamos um mundo onde toda a gente sabe o que fazer, como fazer e quando fazer, mas todos juntos temos sido inúteis, incapazes.

É uma questão que nos ultrapassa. Que radica na falta de educação ambiental, sentido de comunidade e de liderança política que fosse algo mais que uma violenta defesa de interesses partidários.

Espero estar errado, mas não dou mais que duas centenas de anos a um mundo assim.

A esperança é um luxo, a informação um caos. É impossível ao cidadão comum compreender e pôr em prática resoluções que não orientam, nem sequer compram o tempo que a Terra necessita para curar as feridas.

Existe, porém, um think-tank, fundado por Bjorn Lomborg, em Copenhaga, Dinamarca que apresenta uma solução racional e monetizada.

Que afirma que o dinheiro, em nome do qual destruímos a nossa casa, podia ser a solução e não o problema. Indica até um valor (50 biliões de dólares) e elenca uma lista de prioridades (alterações climáticas, pandemias, guerra, educação, corrupção, fome, migração, água potável, mercado livre).

Reúne um painel que apresenta nomes como William R. Cline, Paul Collier, ou Anne Mills. Muito mais que name-dropping, estes especialistas apresentaram soluções com prazos e relações custo-benefício.

Não é um documento poético, nem viral, recusa a histeria, despreza o poder. É a sério tal como o problema. Infelizmente, os governos nunca tentarão estas soluções.

Numa sociedade que sempre rejeitou ideias novas, não me parece que consigamos abraçar uma causa tão grande quanto a de salvar o mundo.

Os políticos podiam ir de burro até Glasgow, as palhinhas do Um Bongo até podem ser agora de papel, mas enquanto o hipercapitalismo, a que agora se chama liberalismo, for a única opção de vida, é encomendar a mortalha e começar a escavar os bunks subterrâneos dos ricos.