Opinião
Cor-de-rosa
O Extramuralhas volta a erguer uma bandeira no combate a qualquer tipo de discriminação ou supremacia
A décima segunda edição do festival gótico, que vai decorrer em Leiria nos dias 24, 25 e 26 de Agosto, apresenta o seu logótipo a cor-de-rosa. Porquê? Antes de vos esclarecer, quero relembrar que na edição passada, a figura que escolhemos para ex-libris do festival, foi fotograficamente captada no grupo escultórico que existe entre o Edifício Maringá e o Edifício da Moagem, obra de arte emblemática na cidade do Lis da autoria de Fernando Marques (1934–2017) que é, no seu conjunto, uma homenagem ao emigrante.
A Fade In - Associação de Acção Cultural quis, dessa forma, não só subscrever esse merecido agraciamento, como estendê-lo também a todos os imigrantes, migrantes, deslocados e refugiados deste mundo. Os tempos conturbados dos nossos dias continuam a precisar que defendamos os ideais de solidariedade e fraternidade, e que ponhamos termo a todas as tentativas de retrocesso civilizacional que coloquem em causa as mais elementares premissas dos Direitos Humanos.
Na edição deste ano, o Extramuralhas volta a erguer uma bandeira no combate a qualquer tipo de discriminação ou supremacia. A adoção da “cor-de-rosa”, culturalmente associada ao universo feminino e simbolicamente conotada com felicidade, afecto e compreensão, é um gesto metafórico que pretende prestar tributo a todos os seres humanos que diariamente, directa ou indirectamente, por questões de género, ainda continuam a ser alvo de marginalização, intolerância, rejeição, segregação, hostilidade ou preconceito.
Assim se explica igualmente que, para além da declaração de intenções inerente à cor adotada, complementemos a “acção de sensibilização” com a frase que podemos encontrar nalguns dos materiais e locais que promovem o evento: “Igualdade e Respeito não têm género”.
Há um exercício simples, muito útil, que nos permite ter um olhar multidimensional sobre as pessoas que nos rodeiam, que é o de nos colocarmos, nem que seja por uns instantes, no lugar do outro.
Essa prática faculta-nos uma capacidade extra de não julgar antes de compreender. Quando nos respeitamos uns aos outros, o mundo torna-se num lugar muito mais respirável. E se não for por melhor motivo, ao menos que seja a música a unir-nos.