Editorial
E andar a pé?
A quantidade de automóveis a circular no concelho de Leiria tem crescido a uma média de mais de 2.100 veículos por ano
O estudo tem nove anos, serviu de base a algumas medidas que entretanto foram tomadas, mas o problema de fundo não só se manteve como ainda de agravou. No Plano Estratégico de Mobilidade e Transportes do Município de Leiria, apresentado em 2015, lia-se o seguinte: “A crescente e exagerada utilização do automóvel individual nas deslocações diárias, tem contribuído, em Leiria, para uma imagem caótica e desordenada em alguns pontos da cidade no que diz respeito ao estacionamento, existindo elevada pressão em determinadas zonas da cidade e alguma anarquia na utilização do espaço pelos automobilistas”.
Quase uma década depois, verifica- -se que a quantidade de automóveis a circular no distrito em geral e no concelho de Leiria em particular, continuou a crescer, a uma média anual de mais de 2.100 veículos, só no município leiriense. Um ritmo que acompanhou a tendência nacional e, naturalmente, reflectiu também o aumento do número de residentes, como se pode constatar no trabalho de abertura deste jornal.
Já se sabe (mas nunca é demais recordar) que o uso excessivo do automóvel faz disparar as emissões de gases poluentes, gera mais congestionamento rodoviário em horas de ponta e prejudica a saúde pública devido à poluição do ar e ao sedentarismo.
Também se sabe que, para inverter esta tendência, é preciso investir no melhoramento das infra-estruturas, reforçar a oferta de transporte público e promover alternativas de mobilidade mais sustentáveis, melhorando, por exemplo, a rede de ciclovias, e incentivando as deslocações pedonais.
Mas andar a pé, numa cidade como Leiria, onde se chega a quase todo lado em pouco mais de 15 minutos, é um hábito pouco enraizado. Segundo o mesmo estudo mencionado na abertura deste texto, num lote de 10 municípios, o de Leiria era o que apresentava o índice mais baixo de deslocações pedonais, comparativamente com cidades como Aveiro, Braga, Faro ou Viana do Castelo.