Opinião

Em casa de ferreiro...

3 jun 2017 00:00

Temos ouvido, vezes sem conta, os partidos de esquerda apregoarem a defesa da luta contra a precariedade.

Defender a criação de emprego e melhores condições para os trabalhadores é um desígnio que ultrapassa quaisquer divergências ideológicas ou questiúnculas partidárias. Não é, de resto, património exclusivo de nenhum partido a defesa dos trabalhadores.

Os caminhos que depois cada um dos partidos propõe para o fazer é que são substancialmente diferentes. E a coerência entre o discurso e a ação também. E a coerência em política não é acessória, é fundamental.

Depois de um ano de governação das esquerdas, soubemos em julho que mais de metade do emprego criado em 2016 tinha sido precário e a prazo. Sabemos ao dia de hoje que nunca houve em Portugal tantas pessoas a ganharem o salário mínimo. Em dezembro de 2016, havia mais de 612.000 pessoas a ganharem o salário mínimo, mais 20% do que em 2015, e sobretudo jovens e mulheres.

Não é esquisito que os partidos de esquerda que apoiam o Governo defendam tanto salários dignos e depois o país atinja o recorde de trabalhadores a ganharem o salário mínimo? Esquisito é eufemismo. É uma grande hipocrisia. E não é caso único.

Veja-se a circunstância de nos primeiros três meses do ano o Estado ter contratado mais de 4.000 pessoas com vínculo precário. Mas o caso mais chocante foi revelado nos últimos dias.

*Deputada do PSD

Texto escrito de acordo com a nova ortografia

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