Opinião

Façamos o que deve ser feito

28 jun 2017 00:00

Estou a escrever este pensamento às 02h25 de terça-feira, dia 20 de Junho.

Há mais de oito horas que deveria ter enviado um texto para a redacção do Jornal de Leiria. Estava escrito, mas ao relê-lo senti que não fazia qualquer sentido a sua publicação. Pelo menos neste momento.

Tratava-se de uma pequena reflexão "filosófica", aberta a múltiplas interpretações, ligeiramente "provocadora”, que escrevi no final da tarde do passado sábado, na Praça Rodrigues Lobo, provavelmente, finalizado à mesma hora em que morriam as primeiras pessoas no inferno de Pedrógão Grande.

Era realmente uma futilidade ocupar este espaço com algo que não fosse um lamento profundo sobre todos os que estão a sofrer com este recente avassalador acontecimento.

Um grito mudo de dor e de consternação. Não tenho muitas mais palavras nem tão pouco discernimento para ir além da comoção. Hoje escreve apenas um coração triste, analfabeto, que não questiona. Essas coisas são para a razão. E essa está, por agora, atordoada. Porém nunca sem norte, nunca inconsciente.

Hoje escreve-vos um homem que chora. Pela dor das perdas dos outros, que é minha também. E que ainda assim chora de “alegria”. Daquela que não nos rouba sorrisos mas que nos acalora o peito em cada gesto solidário que vamos testemunhando. E, neste particular, tudo é tão pouco, por muito excessivo que possa parecer...

Hoje escreve-vos um homem triste, muito triste, insuportavelmente triste, com a noção de que a minha é incomparavelmente menor que a tristeza que apanhou directamente, sem piedade ou misericórdia, tantos dos nossos concidadãos que perderam entes queridos.

Dói só de imaginar e, como sabemos, a imaginação fica sempre aquém da realidade.

* Presidente da Fade In

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