Opinião
Grandes empresas também podem ter grandes pessoas
Os empresários que acreditam na memória coletiva e na história dos territórios têm sempre presente o seu compromisso
É fácil olharmos para um grande empresário e apenas nos focarmos no dinheiro que ele tem e na sua capacidade de gerar ainda mais dinheiro. O homem mais rico do mundo, Elon Musk, e outros bilionários famosos acabam por ser os culpados desta premissa instalada onde retiramos de imediato a questão humana da equação.
A verdade é que a grande maioria destes homens mais ricos (só há homens no top 10) só pensam e agem a favor do seu dinheiro e estão sempre a criar estratégias para ficarem ainda mais ricos. O problema surge porque acabamos por generalizar de uma forma extremamente fácil esta forma de criar um estereótipo para todos os empresários e a verdade é que nem sempre é assim.
Há uns anos, mais precisamente em outubro de 2014, fiz parte da organização da primeira edição do Festival A Porta. Éramos um pequeno grupo de jovens adultos cheios de boas ideias e com muito pouco dinheiro para pôr de pé um festival que agora se tornou grande. É impossível esquecer-me da reunião que tive com o senhor Ferreira, dono da empresa Castelhano e Ferreira.
Eu, no seu escritório, a vender-lhe uma ideia de um festival na Rua Direita que nunca tinha acontecido, e que apenas residia nas nossas cabeças românticas. O senhor Ferreira acreditou em nós e acreditou no Festival A Porta, que acabou por acontecer muito por culpa daqueles mil euros que na altura nos fizeram acreditar que era mesmo possível.
Os empresários que acreditam na memória coletiva e na história dos territórios têm sempre presente o seu compromisso. O mesmo relato positivo acontece comigo várias vezes quando preciso, enquanto presidente da direção da Associação InPulsar, de pedir apoio aos empresários da nossa região.
Nesta situação o impacto é ainda maior, porque ao apoiarem a InPulsar, os empresários estão também a apoiar aqueles que mais precisam e que na grande maioria das vezes nada têm. A bondade das irmãs, Alexandra e Catarina Vieira, da Livraria Arquivo e do Grupo Movicortes, que estão sempre disponíveis para nos ouvir. Os sempre atentos, Hugo e Andreia, das Ópticas Pimenta, que tiveram a iniciativa de falar connosco e com isso ajudar a melhorar a visão e a qualidade de vida dos nossos utentes.
O enormíssimo altruísmo do Senhor Avelino Gaspar e da sua mulher Susana, do grupo Lusiaves, que acreditaram em nós desde o primeiro segundo e que através do seu apoio conseguimos devolver o máximo de dignidade àqueles que viviam numa situação de sem abrigo e que agora vivem no conforto das suas casas.
Médias e grandes empresas que são feitas por grandes pessoas que nunca esquecem o compromisso e o propósito do verdadeiro sentido de missão.
Texto escrito segundo as regras do Novo Acordo Ortográfico de 1990