Opinião

Itália - Nunca um não foi tão sim

9 dez 2016 00:00

Em plena ascensão da extrema-direita na Europa, pós-Brexit e pré-Trump, Metteo Renzi não poderia ter jogado a sua cartada final, sabendo que existe uma tendência crescente de voto na esquerda radical italiana anti-Europa.

O povo votou, está votado. Quase 70% de participação, e 60% dos eleitores votaram Não pela reforma constitucional que reduziria os poderes do Senado e das regiões a favor do governo. O povo votou, e votou no sentido certo. Porquê? Matteo Renzi, o primeiro-ministro italiano, cometeu dois erros fatais. Um erro de forma e outro de tempo.

Na forma, Matteo Renzi foi inconsequente. Em plena Itália, um primeiro-ministro que queira alterar a constituição para ter mais poderes de governação, a proposta de referendo deveria partir do parlamento, e não do próprio governo. Cheirou a laivos de fascismo. E todos nós sabemos o que foi o fascismo italiano. Mas o erro também foi de timing.

Em plena ascensão da extrema-direita na Europa, pós-Brexit e pré-Trump, Metteo Renzi não poderia ter jogado a sua cartada final, sabendo que existe uma tendência crescente de voto na esquerda radical italiana anti-Europa. O «MoVimento 5 Estrelas» não é propriamente uma comédia, mas foi fundado pelo comediante Beppe Grillo. E o que Beppe Grillo mais anseia é tirar a Itália da UE.

A zona euro representa quase 20% da economia mundial. E a Itália é a terceira maior economia da moeda única. Mas a Itália vive dias difíceis. Tem uma dívida pública de 133% do PIB, taxas de crescimento próximas de zero, o desemprego a 12%, e atravessa uma profunda instabilidade no seu sistema bancário.

*Docente do IPLeiria

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