Opinião

Leiria sem suinicultura intensiva

15 abr 2021 11:59

Os porcos criados em suinicultura intensiva vivem confinados em pocilgas e, sem a “distância social” mínima, o único modo de prevenir a propagação de infecções é tomarem continuamente antibióticos, além de muitos outros fármacos

Os efluentes da suinicultura intensiva ficam contaminados com esses fármacos e não existe nenhuma forma de os limpar que seja economicamente viável.

Um porco produz quatro vezes mais fezes e urina do que um ser humano.

Todas as regiões do mundo ligadas à suinicultura intensiva debatem-se com prejuízos ambientais e económicos causados pela poluição dos efluentes.

Leiria é o concelho de Portugal que tem mais efluentes de suinicultura intensiva - mil metros cúbicos por dia.

A poluição dos efluentes suinícolas está a desvalorizar Leiria e a causar prejuízos, directos e indirectos, a todas as actividades económicas do concelho.

A suinicultura intensiva foi inventada no tempo em que os rios estavam limpos e a poluição ainda não era um problema.

Mas mudaram os tempos, veio a poluição e mudaram as vontades.

Hoje, os consumidores valorizam cada vez mais o ambiente, a alimentação saudável e o bem estar animal.

Cresce a procura de carne de porco produzida ao ar livre e sem antibióticos, a produção está a aumentar 6% por ano na União Europeia e mesmo assim não chega para dar resposta ao crescimento da procura.

Na suinicultura ao ar livre a carne tem mais valor, as margens de lucro são maiores, os efluentes não estão contaminados com fármacos, os porcos vivem ao ar livre, os suinicultores mantêm paisagens de pasto e assim são protectores da ecologia do território.

Não é fácil mudar a mentalidade de suinicultores que vivem imersos numa guerra mundial do preço mais baixo em que vale tudo, como poluir regiões inteiras, pôr em causa a saúde pública ou torturar animais.

No entanto, se Leiria não quer continuar a ser conhecida pela poluição da bacia do rio Lis, tem de livrar-se da suinicultura intensiva ou substitui-la por uma suinicultura ao ar livre e sem antibióticos, que é a adequada aos tempos actuais.