Opinião
Leiria sem suinicultura intensiva
Os porcos criados em suinicultura intensiva vivem confinados em pocilgas e, sem a “distância social” mínima, o único modo de prevenir a propagação de infecções é tomarem continuamente antibióticos, além de muitos outros fármacos
Os efluentes da suinicultura intensiva ficam contaminados com esses fármacos e não existe nenhuma forma de os limpar que seja economicamente viável.
Um porco produz quatro vezes mais fezes e urina do que um ser humano.
Todas as regiões do mundo ligadas à suinicultura intensiva debatem-se com prejuízos ambientais e económicos causados pela poluição dos efluentes.
Leiria é o concelho de Portugal que tem mais efluentes de suinicultura intensiva - mil metros cúbicos por dia.
A poluição dos efluentes suinícolas está a desvalorizar Leiria e a causar prejuízos, directos e indirectos, a todas as actividades económicas do concelho.
A suinicultura intensiva foi inventada no tempo em que os rios estavam limpos e a poluição ainda não era um problema.
Mas mudaram os tempos, veio a poluição e mudaram as vontades.
Hoje, os consumidores valorizam cada vez mais o ambiente, a alimentação saudável e o bem estar animal.
Cresce a procura de carne de porco produzida ao ar livre e sem antibióticos, a produção está a aumentar 6% por ano na União Europeia e mesmo assim não chega para dar resposta ao crescimento da procura.
Na suinicultura ao ar livre a carne tem mais valor, as margens de lucro são maiores, os efluentes não estão contaminados com fármacos, os porcos vivem ao ar livre, os suinicultores mantêm paisagens de pasto e assim são protectores da ecologia do território.
Não é fácil mudar a mentalidade de suinicultores que vivem imersos numa guerra mundial do preço mais baixo em que vale tudo, como poluir regiões inteiras, pôr em causa a saúde pública ou torturar animais.
No entanto, se Leiria não quer continuar a ser conhecida pela poluição da bacia do rio Lis, tem de livrar-se da suinicultura intensiva ou substitui-la por uma suinicultura ao ar livre e sem antibióticos, que é a adequada aos tempos actuais.