Opinião
Maldito orgulho que me acompanha
Se tudo tivesse corrido como “previsto” por estes dias estaria a celebrar, os 25 anos de ordenação sacerdotal
Se tudo tivesse corrido como “previsto” por estes dias estaria a celebrar, os 25 anos de ordenação sacerdotal.
Gostaria de ter escrito sobre o assunto, a pedido, para um meio de comunicação da Diocese que tivesse, e mantivesse, um olhar crítico sobre a vida da mesma e dos seus (e da minha).
Talvez nunca tenha existido, e menos agora, em que, apesar da modernidade louvável, mais não faz do que uma réplica do que vai acontecendo, pastoralmente falando, como se isso fosse imagem de dinamismo.
Poucas vezes o é. Perdemos, localmente, espaços de amadurecimento e de partilha da diversidade e inquietação que o acreditar traz à vida de cada dia. E vida está muito longe de ser uma linha recta.
Se está! A das pessoas e a das organizações!
E a verdade é que me sinto, ainda, identificado como uma equipa que teve em mãos, nos últimos anos do século passado e os primeiros deste, uma religação às pessoas e às comunidades, congregando os dinamismos possíveis de padres de gerações muito díspares, perspectivando a construção de comunidades relacionais e crentes assentes na experiência maior do acreditar e do cuidar.
Imagem de marca, o que foi acontecendo na Vigararia de Leiria em que, durante vários anos, esse esforço foi catalisador de uma tentativa de tratamento da zona urbana com uma acção pastoral direccionada a uma população mais escolarizada e facilmente enquadrável em classes e sectores profissionais.
Se se conseguiu ou não, é outra história.
A verdade é que os principais actores desse tempo, sobretudo o clero mais novo, estão longe, em paróquias ou serviços longe do coração da Diocese.
E dos actuais, raramente se tem visto um trabalho que desse continuidade a esse do passado, assim como uma acção mais unida e conjunta.
Sim. Há aqui um sentir que poderia ser diferente.
Uma dor maior? A de não poder partilhar as experiências do passado em fóruns próprios. Sim, há muita coisa boa a recordar e a partilhar.
Orgulho-me de ter feito parte desse grupo e dessa gente.
Tão distinta em idade, modelos educacionais, experiências e vivências de fé.
Mas ciente que era na amizade comum e no acreditar partilhado que se construía a Igreja de então e do amanhã.
Talvez por isso, 25 anos depois, sublinho mais do que a fé, a esperança e a caridade, a procura, a inquietação e a amizade, Deus me perdoe!