Opinião

Morte no hospital

18 abr 2016 00:00

voragem noticiosa do dia-a-dia não caia no esquecimento a morte do jovem David Duarte

Escrevo este artigo para que na voragem noticiosa do dia-a-dia não caia no esquecimento a morte do jovem David Duarte, devido a uma hemorragia cerebral resultante de um aneurisma, com indicação para ser operado de imediato, o que não aconteceu por falta de neurocirurgião disponível. A indiferença não é, seguramente, o caminho para uma sociedade justa, equilibrada e informada.

Dito isto, é preciso reconhecer e enfatizar que mais vale reconhecer os erros do que, por exemplo, ter uma administração hospitalar a escrever cartas a informar a família de que o cardiologista tudo fez para salvar o doente quando nem sequer havia cardiologista de serviço.

O título deste artigo nada tem de especial nem de anormal, muito embora nunca o vejamos nos jornais a propósito do hospital de Leiria, onde só aparecem as taças e as medalhas a atestar que o hospital público funciona como um privado e até dá lucro.

Para os leirienses é, quanto a mim, um péssimo sinal sermos servidos por um hospital que se gaba de dar lucro, pois enquanto utentes só podemos ter a perder com essa política de racionamento de custos.

Além de que os hospitais do Estado não servem para dar lucro, diria até mais, seria bom que os ditos milhões de lucro fossem utilizados para servir os utentes com mais especialidades e mais especialistas.

Dito isto, importa dizer também que nem sequer considero que a administração do hospital de Leiria seja incompetente, nada disso, é uma questão de opção estratégica de matriz, evidentemente, ideológica. Tenho naturais reservas com este modelo de gestão profundamente «à direita», ainda para mais, cosmeticamente trabalhado para agradar à esquerda.

Fernando Gonçalves Morte no hospital Vivemos um tempo sem nexo em que os bancos dão, repetidamente, prejuízos astronómicos “espatifando” milhares de milhões de euros do nosso dinheiro, e os hospitais do Estado se gabam de dar lucro e de serem “um mar de rosas” numa ânsia de propaganda sem pudor nem limites.

De entre prémios e propaganda do Hospital de Leiria consta a primeira farmácia hospitalar com tamanho alarido que meteu até primeiro-ministro e outros governantes, o que não constou, evidentemente, com tanto alarido, foi a noticia de a farmácia do Hospital de Leiria ter sido a primeira a ir à falência. Claro, isso não convém nada à promoção dos altos interessados.

Candidato a deputado nas últimas legislativas
Fernando Gonçalves

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