Opinião
Música | Little Simz, a rainha que se segue
É alma, é energia, é consciência, é pertinência, é a voz necessária e desafiante nos dias que correm, é a certeza de que o rap e hip hop continuam a ser a arma que precisamos
Simbiatu “Simbi” Abisola Abiola Ajikawo, rapper britânica de 28 anos, filha de pais nigerianos, é mais conhecida no universo musical como Little Simz e tem dado nas vistas (e de que maneira) ao longo dos últimos anos.
Estreou-se em 2015 com A Curious Tale of Trials + Persons, no ano seguinte confirmou as expectativas com Stillness in Wonderland, garantiu uma participação vocal no tema “Garage Palace” dos Gorillaz que, inclusivamente a convidaram para abrir os concertos da sua Humaz Tour.
Em 2019, com Grey Area entrou definitivamente para o lote restrito de rappers que têm todos os argumentos para ficarem com um lugar de destaque na história da música. Sometimes I Might Be Introvert, em 2021 garante-lhe o Mercury Music Award e, neste ano da graça de 2022 protagonizou a sua estreia ao vivo em Portugal, no NOS Primavera Sound que foi, indiscutivelmente, o melhor concerto a que assisti este ano. E não é de ânimo leve que se deixa uma frase destas quando este ano nos deu tantos concertos memoráveis.
O que ninguém esperava é que Little Simz, do nada, quais Sault e através da editora deles, a Forever Living Originals, lançasse um novo disco a meio de Dezembro. No Thank You saiu há dias, por enquanto apenas em versão digital, mas não precisa de muitas audições para entrar diretamente para o pódio dos melhores discos do ano.
Little Simz é um fenómeno, é alma, é energia, é consciência, é pertinência, é a voz necessária e desafiante nos dias que correm, é a certeza de que o rap e hip hop continuam a ser a arma que precisamos. Carrega na sua aura e no seu universo toda a história da música negra, pelo toque de midas do produtor Dean Josiah Cover, mais conhecido como Inflo, o líder dos Sault, descrito como o novo Quincy Jones e colaborador de nomes como Michael Kiwanuka, e co-autor de temas tão badalados como “Black Man in a White World”.
A Forever Living Originals, família editorial e criativa liderada e alimentada pelas produções de Inflo é, garantidamente, o mais estimulante fenómeno musical que apareceu no Reino Unido nos últimos anos e Little Simz é, e ainda bem, a rainha que se segue.
A vénia!
