Opinião
Nem deu para falar da “geringonça”!
Meu Caro Zé,
Confesso que não sei como vou conseguir falar contigo com os tão poucos carateres que o nosso jornal me impõe porque, tal como fiz com as eleições francesas, decidi escrever sobre as inglesas logo no dia seguinte à sua ocorrência (isto é, 6ª feira, dia 9). E porquê?
Porque a velocidade com que tudo ocorreu nestas eleições foi fazendo alterar, quase instantaneamente, toda a estrutura da conversa que eu, mentalmente, ia preparando.
Será isto assim tão normal, correspondendo ao proverbial pragmatismo dos britânicos, ou terá sido antes o instinto de sobrevivência de Theresa May?
É que, ontem, saltando da BBC para a CNN, com passagem pelos canais de notícias portugueses, fui acompanhando o andamento dessas eleições, uma ativista britânica do Partido Liberal Democrático (o tal partido pró-europeu e que aumentou em 25% a sua representação, apesar de ter diminuído a percentagem dos seus votos), afirmava que o partido Conservador não ia perdoar a Theresa May a sua decisão de convocar eleições antecipadas, para depois ter perdido a maioria absoluta que queria consolidar.
Lembrei-me do saudoso Raul Solnado, quando, numa das suas rábulas dizia: “Estava eu muito quentinho!”. E assim era a situação do Partido Conservador no Parlamento inglês, quando Theresa May decidiu, por observação conjuntural do “mood” da sociedade do Reino Unido, antecipar eleições.
Para quê? Para perder essa maioria e criar uma situação delicada ao partido. Mas houve outras consequências que convém registar “a quente”.
- O fortalecimento do bipartidarismo, já que quer o Partido Conservador (5,5%), quer o Trabalhistas (9,5%), aumentaram as suas votações globais, à custa, fundamentalmente, da UKIP, que perdeu 10,8% dos votos e praticamente desapareceu para 1,9%.
* Professor Universitário
Texto escrito de acordo com a nova ortografia
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