Opinião

O fenómeno inflacionista

7 jun 2021 15:50

Vários economistas têm defendido que a subida constante dos preços a longo prazo irá ter repercussões económicas vastas, diversas e graves

“A inflação é uma forma de tributação que pode ser imposta sem legislação” – Milton Friedman, economista, 1974

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, a taxa de variação homóloga do Índice de Preços do Consumidor, comummente designada por inflação, subiu 1,2% em Maio, mais 0,6 pontos do que no mês de Abril.

Em Espanha, a inflação subiu para 2,7% em Maio, mais 0,5 pontos face ao mês anterior e o nível mais alto desde Fevereiro de 2017.

O Índice Harmonizado de Preços do Consumidor, que mede a evolução dos preços através do mesmo método em todos os países da zona euro, situou-se em 2,4% em Maio, mais 0,4 pontos do que no mês de Abril.

Do outro lado do Atlântico, os Estados Unidos registaram uma inflação de 3,1% em Abril, o maior crescimento desde Julho de 1992.

Não obstante estes dados, a Reserva Federal Americana, à semelhança do Banco Central Europeu, espera que a inflação seja temporária e que nos próximos meses haja uma maior paridade no índice de preços.

No entanto, vários economistas têm defendido que a subida constante dos preços a longo prazo irá ter repercussões económicas vastas, diversas e graves.

O fenómeno inflacionista tem um impacto brutal na nossa vida quotidiana uma vez que influencia o consumo, a poupança e os investimentos de cidadãos e empresas.

O que estamos a assistir atualmente consiste no aumento generalizado do preço de bens e produtos que os nossos salários não acompanham e por isso, quando vamos ao supermercado trazemos menos compras com um valor idêntico ou, no final do mês, não conseguimos poupar tanto quanto tínhamos estipulado anteriormente.

Em termos da zona euro, o Banco Central Europeu tem como missão manter a inflação controlada, designadamente, que a médio prazo não ultrapasse 2%.

A verdade é que a nível europeu estamos nos 2,4% e a tendência é de aumento gradual, o que irá conduzir à retração do investimento, aumento do desemprego, diminuição do consumo, instabilidade económica e financeira e em última análise, tensões sociais e políticas.

Nesta matéria, o aumento da inflação no longo prazo relaciona-se, entre outras razões, com o aumento da oferta monetária em relação ao produto real agregado.

Caso as instituições monetárias internacionais perpetuem a emissão de moeda a um ritmo constante a médio/longo prazo, tal operação irá impedir a estabilização geral do nível de preços, o crescimento económico, o desenvolvimento dos países e conduzirá a fenómenos sociais cada vez mais desiguais e empobrecidos.

“A inflação é sempre e em toda parte um fenômeno monetário - no sentido de que é e pode ser produzida apenas por um aumento mais rápido na quantidade de dinheiro do que na produção” - Milton Friedman, 1970



Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990