Opinião

O inevitável evitável

24 jun 2022 15:45

É preciso saber envelhecer (…) O que fazer? Respirar bem

Desenganem-se do ditado, porque não é só a morte que é certa.

Até que chegue, estamos condenados ao envelhecimento. Desde que nascemos. E nada podemos fazer para o contrariar…

Não estou a falar só das rugas e cabelos brancos, que é certo que não conseguimos contrariar, mas do que se passa nas nossas células.

Assim que nascem, começam a envelhecer. Um fator importante, caricatamente, é aquele que nos permite viver: o oxigénio.

Não fosse o oxigénio e não envelheceríamos tão rapidamente. Mas também não viveríamos tão rapidamente…

A respiração, na verdade, não é o que comummente consideramos.

Isso são as trocas gasosas, em que nos pulmões transferimos o oxigénio da atmosfera para dentro do nosso corpo e libertamos para a atmosfera dióxido de carbono, parte do lixo que produzimos nas nossas células.

É nelas que ocorre a respiração. E todas as células a fazem.

Aquelas de alto rendimento, como as nossas, usam oxigénio para produzir grande quantidade de energia.

E nesse processo, altamente eficaz, produzem outros lixos.

Um deles as espécies reativas de oxigénio, cuja influência no envelhecimento está mais que demonstrada.

Se não respirássemos assim (nas células), não as produziríamos, mas não seríamos como somos, porque simplesmente não teríamos energia para ser.

Por isso, ainda bem que envelhecemos. Agora, ao que não estamos condenados, de forma alguma, é a envelhecer mal.

A sociedade assistiu, pela segunda vez (a primeira foi quando aprendeu a lavar as mãos…) a um gigante aumento da esperança média de vida.

E não estava preparada para isso.

Recordo-me quando era pequenita (de idade, porque de tamanho ainda sou), que ter um bisavô era uma raridade.

Hoje o inverso é que o é. E ainda bem. Mas é preciso saber envelhecer.

E nós, que temos agora esse fado, porque já sabemos que vamos viver muitos anos, temos a responsabilidade de nos preparar bem para esses longos anos que nos esperam. Para que sejam bons anos.

O que fazer? Respirar bem. A nível celular, entenda-se.

E para isso, o exercício (não só o físico) é fundamental. A dieta é fundamental. A hidratação é fundamental. O descanso é fundamental.

Se os cumprirmos agora, quando chegarmos lá, a velhos, vamos usar essa palavra com orgulho (porque agora é quase ofensiva).

Vamos então poder “estragar-nos” com dietas menos próprias, e afins, porque preparámos o nosso corpo, e mente, para estarem bem e podermos então desfrutar desses anos de ouro.

Porque estou certa que o serão.

É inevitável envelhecer, mas é evitável a eles perecer.

Treinemo-nos para o que sabemos que vai chegar.

Arranjemos nas nossas agendas aqueles momentos diários para o exercício físico, para a leitura, para a música, para o sono, para a refeição cuidada.

Tenhamos azáfama, porque a vida é assim mesmo, mas dediquemos pelo menos aqueles 30 minutos diários aos diferentes exercícios, físicos, mentais e sociais.

São um ganho extraordinário não só para a azáfama do dia, mas para a azáfama da vida.

Vamos lá respirar fundo! Vamos lá evitar o inevitável!

 

Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990