Opinião

O maior dos paradigmas Entremuralhas

11 ago 2016 00:00

A programação da associação sempre foi cirúrgica, ecléctica e destemida, e o seu objectivo é dignificar qualquer um dos movimentos estéticos que promove.

Com a sétima edição do festival gótico Entremuralhas à porta é tempo de perceber qual o maior contributo que o evento tem dado à cidade e a todos os que a visitam pela ocasião. É público que o que move a Fade In (entidade que co-organiza o evento com a Câmara Municipal de Leiria) é a paixão pela música. A programação da associação sempre foi cirúrgica, ecléctica e destemida, e o seu objectivo é dignificar qualquer um dos movimentos estéticos que promove. A venda de bilhetes para o evento nunca distinguiu quem era "gótico" de quem não era, e a organização nunca se interessou em aferir quem vai ao festival por curiosidade ou por militância. Mas a lição de civismo a toda a escala dada pelo público do Entremuralhas tem sido alvo, ao longo dos anos, dos maiores elogios dos leirienses. Este é um sinal evidente de que a cidade deixou, definitivamente, de olhar de soslaio para esta horda de "aperaltada gente de estranhas indumentárias".

Qualquer habitante de Leiria é hoje um “combatente” natural de qualquer foco de preconceito que possa ainda, estranhamente, permanecer em relação ao Entremuralhas e aos seus públicos. E isso é, indiscutivelmente, uma vitória, sobretudo para a cidade, que passa para o exterior a imagem de uma certa vanguarda social. Mas não é este um público ordeiro desde sempre? Se fosse do senso comum que a maioria dos membros desta "comunidade" são pessoas distintas, de forte personalidade, apegadas a hábitos comportamentais nobres e dotados de uma consciência cívica onde imperam valores como o respeito pela história, pelo património colectivo, e pelo conhecimento, tais “medos” jamais seriam suscitados.

*Presidente da Fade In

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