Opinião

O património somos nós!

4 ago 2016 00:00

De tanto inventarmos a necessidade de acompanhar as últimas tendências e tudo o que é novidade, quantas vezes desconsideramos o nosso verdadeiro património e tudo aquilo que nos torna “únicos"?

Na época em que tradicionalmente a maioria de nós goza de alguns dias de descanso, reúnem-se as condições para observarmos mais atentamente o que nos rodeia, sem a urgência a que a rotina quotidiana “obriga”. Por esse motivo talvez seja agora a ocasião para (re)descobrirmos os lugares, as gentes e os seus costumes. E tanto assim é com os destinos mais longínquos (com que alguns em boa hora se presenteiam), como com aqueles que nos são mais próximos, mas que de tão habituais nos passam quase despercebidos na sua verdadeira essência.

De tanto inventarmos a necessidade de acompanhar as últimas tendências e tudo o que é novidade, quantas vezes desconsideramos o nosso verdadeiro património e tudo aquilo que nos torna “únicos"?! Na verdade o património, enquanto identidade de um lugar, cidade ou região, abrange muito do que alguns de nós recordamos da infância, são os usos, os costumes, as profissões e as tradições que alguns estoicamente lutam por manter.

Da minha infância guardo as memórias do cheiro a pão acabado de cozer, na padaria onde o meu avô Godinho, de bata branca, atendia os fregueses com a maior deferência, ou do mercado semanal onde se compravam os legumes e as frutas cheirosas e se tratavam as vendedoras pelo nome.

Os lugares e as pessoas são mesmo o nosso maior património, se não os valorizarmos em tempo e preferirmos aqueles que nos são apresentados “embrulhados” de progresso e inovação, lamentavelmente estamos a contribuir para a massificação e indiferenciação mas não para a afirmação da nossa identidade.

 

*Direcção do CEPAE - Secretária
*esta coluna é da responsabilidade do Centro de Património da Estremadura (CEPAE): www.cepae.pt