Opinião
O que são as Terras Raras e porque todos as querem?
Na Europa, as Terras Raras são amplamente utilizadas no fabrico de ímanes permanentes
As Terras Raras são muito procuradas pela indústria tecnológica (computadores, smartphones), baterias e tecnologias limpas e de ponta. Por isso, as Terras Raras são fundamentais para a economia global e dos países que pretendem estar na vanguarda destes setores. Sem elas, a evolução para uma sociedade mais sustentável e tecnologicamente integrada estaria comprometida.
Mas o que são Terras Raras? As Terras Raras correspondem a um conjunto de 17 elementos químicos, com nomes como disprósio, cério, neodímio, a sua maior parte pesados. As Terras Raras fazem parte de um grupo de materiais designados por Matérias-Primas Críticas.
Em 2011, a Comissão Europeia identificou um grupo de 14 matérias-primas críticas e designam-se por “críticas” porque são essenciais à economia europeia e têm em elevado risco associado ao seu fornecimento. Em 2023, o número subiu para 34. Segundo a Comissão Europeia, 100 % das Terras Raras de elementos pesados consumidas na União Europeia vêm da China. A China é o principal fornecedor a nível mundial.
Para além dos depósitos, a China também possui um vasto número de patentes para a produção de Terras Raras, o que constitui um obstáculo para que se possam processar Terras Raras à grande escala. Outros depósitos de Terras Raras existem, localizados no Brasil, Vietnam, Rússia e Índia. A Europa também tem depósitos, na Noruega, Suécia e Ucrânia, mas não explora nenhuma mina de Terras Raras. A extração e o processamento desses elementos, no entanto, apresentam desafios significativos.
A produção de Terras Raras é altamente poluente e perigosa, uma vez que estão frequentemente associadas a elementos radioativos. O processo de separação também exige grandes quantidades de produtos químicos, com um alto risco de contaminação ambiental. Na China, a falta de medidas eficazes de controle da poluição resultou na contaminação do solo e da água, afetando ecossistemas e a qualidade de vida da população. Na Europa, as Terras Raras são amplamente utilizadas no fabrico de ímanes permanentes. O mercado dos ímanes permanentes é de 6,5 mil milhões de euros e a tendência é para aumentar, devido à eletrificação da indústria automóvel.
A estratégia europeia passa pela redução do teor em Terras Raras nos ímanes. Novos métodos de fabrico para que os ímanes permanentes possam ser desmantelados e reciclados, numa lógica de economia circular, são uma abordagem a adotar num futuro próximo.
Também a descoberta de novos materiais magnéticos é urgente, sendo necessário integrar áreas do conhecimento emergentes como a Inteligência Artificial e a Nanoengenharia, para que se consiga alcançar a independência das Terras Raras e das Matérias-Primas Críticas.
Texto escrito segundo as regras do novo Acordo Ortográfico de 1990