Opinião
O último a rir
A DGS é o inimigo número um da cultura em Portugal
O festival North Music Fest, no Porto, foi adiado para 2022, graças à absoluta falta de critério na conformidade ao designado pelo Governo, da parte da DGS, a meu ver, um dos factores mais determinantes para a (má) gestão da pandemia em Portugal.
Este festival será sempre de má memória para mim e para os fãs de Moonspell, já que fomos, unilateralmente e por razões “estéticas”, retirados do cartaz e impedidos, por uma decisão infeliz e aleatória, de fazer o nosso trabalho.
O promotor assumiu que o nosso estilo musical não caberia num cartaz encabeçado pelos Ornatos Violeta (com quem tantas vezes partilhámos o palco no tempo em que eles eram uma banda activa e não uma banda de tributo a tempos que já não voltam) e afins, argumento sem qualquer nexo, porque a diversidade constrói-se diversificando.
Nesse sentido, quando o festival não teve outra hipótese senão sair de palco, muitos dos nossos fãs me enviaram mensagens de regozijo, a invocarem o karma e, ao que parece, contentes com o “mal dos outros”, defeito que enquanto não o vencermos nunca cumpriremos o potencial que achamos ter enquanto país, mas que não possuímos enquanto comunidade.
Pois bem: não ri por último. Antes pelo contrário.
Apesar de toda a antipatia que tenho por este festival e por quem o organiza, assusta-me muito mais o poder arbitrário da DGS (até a sigla é infeliz) que, em tempo de desconfinamento urgente, continua a dar provas de ignorante despotismo, e porque não, de absoluta estupidez, o que, aliás, tem sido uma constante desde o início da pandemia.
A directora e os técnicos da DGS até podem estar bem encaminhados para receber uma medalha presidencial, mas os músicos, os promotores, os profissionais da restauração, os ourives (lembram-se quando era proibido, por razões sanitárias, trocar a pilha do relógio?), os livreiros (lembram-se quando confinaram os livros?), os portugueses em geral, nunca lhes perdoarão o mau serviço que prestaram ao País, em particular, na destruição da indústria cultural e do seu inegável empreendedorismo que gerava, pelo menos, 3% do PIB, segundo dados de 2020.
A DGS é o inimigo número um da cultura em Portugal.