Opinião

Onde é que nós vamos Chegar?

20 fev 2021 12:34

Deveriam os partidos com maior representatividade perceber as dinâmicas da nossa sociedade e encontrar os meios necessários para encurtar, ou eliminar, este enorme fosso entre os políticos e os eleitores,

Vale a pena uma breve reflexão sobre o resultado das últimas eleições presidenciais, as primeiras num ambiente de pandemia, facto que condicionou decisivamente o período de campanha eleitoral.

Se a tendência normal já era privilegiar a televisão, este ano acentuou-se ainda mais, face ao condicionamento da mobilidade e do contacto com as pessoas.

Assistimos a uma “fartura” de debates televisivos, que não deixaram de ter o seu interesse, como se pôde comprovar pelas audiências, tendo os três debates mais vistos de 2021 suplantado as audiências do mais visto das presidenciais de 2016.

Claro que, infelizmente, se continua a assistir a um nível de abstenção elevadíssimo, que provavelmente só não foi pior dado o forte apelo do candidato Marcelo Rebelo de Sousa nos últimos dias de campanha, com receio, digo eu, de ter que enfrentar uma segunda volta!

Apesar de não haver história do Presidente em funções não ser reeleito, o que pode representar um menor interesse de participação nas urnas, não deixa de ser bastante preocupante que apenas 39,24% dos eleitores, pouco mais de quatro milhões e duzentos mil dos cerca de 10 milhões e oitocentos mil, tenham exercido o seu direito de voto.

Vale a pena analisar estes dados e tentar perceber como há-de a democracia encontrar formas de captar o interesse e a participação da tanta gente que prefere alhear-se de tomar decisões sobre a vida colectiva, que também diz respeito a cada um individualmente.

E depois não se admirarem com alguns resultados, como por exemplo os quase 500.000 eleitores que votaram no candidato André Ventura, porque, para lá de muitos que votaram genuinamente, não tenho grandes dúvidas que outros tantos, ou mais, se uniram num voto de descontentamento contra o politicamente correcto e o status quo.

E não se devem menosprezar estas movimentações de eleitores, pois o seu voto é tão válido e importante como outro qualquer, não percebendo a insistência despropositada e sem sentido da Ana Gomes com a sua participação à Procuradoria Geral da República, visando a ilegalização do partido Chega!

Não é assim que se lá vai!

O que todos deveriam compreender, talvez seja o único motivo pelo qual ouvi o Presidente da República repetir duas vezes na sua última intervenção da renovação do estado de emergência que não se coloca a hipótese dum governo de salvação nacional, é que muitos eleitores não se revêm nas actuais soluções político-partidárias e nalgumas das suas decisões e atitudes, factos que deveriam merecer uma grande reflexão.

A ideia, embora errada, mas construída de que são todos mais ou menos iguais e que não mudará grande coisa, independentemente de quem nos governa, não é boa para uma boa e sã democracia, pois exige-se que possa existir sempre uma alternativa diferente, credível e competente a quem nos governa.

A partir daqui, deveriam os partidos com maior representatividade perceber as dinâmicas da nossa sociedade e encontrar os meios necessários para encurtar, ou eliminar, este enorme fosso entre os políticos e os eleitores, com novas propostas e novos modelos de funcionamento e organização.

No que me compete, tenho dado os meus contributos nos locais certos, embora sem grande sucesso, ficando com a consciência tranquila de que não deixei de dar a minha opinião livre sobre o actual estado da política em Portugal.

Por isso tenho dito a muitos… depois não se admirem!!!

Veja Também